segunda-feira, 27 de novembro de 2006

dura na queda

Perdida na avenida
Canta seu enredo
Fora do carnaval
Perdeu a saia
Perdeu o emprego
Desfila natural

Esquinas, mil buzinas
Imagina orquestras
Samba no chafariz
Viva a folia
A dor não presta
Felicidade, sim

O sol ensolará e estrada dela
A lua alumiará o mar
A vida é bela, o sol, estrada amarela
E as ondas, as ondas, as ondas, as ondas

Bambeia, cambaleia
É dura na queda
Custa a cair em si
Largou família
Bebeu veneno
E vai morrer de rir

Vagueia, devaneia
Já apanhou à beça
Mas para quem sabe olhar
A flor também é
Ferida aberta
E não se vê chorar

O sol ensolará e estrada dela
A lua alumiará o mar
A vida é bela, o sol, estrada amarela
E as ondas, as ondas, as ondas, as ondas...

...
Line Gilmore queria ser dura na queda. Queria que essa música fosse ela. Em vez disso, não sabe sambar, se derrete de chorar de saudade, e não consegue nem disfarçar, porque as lágrimas simplesmente rolam. Não consegue dizer não, só o que faz é ligar pra a mãe e pro pai pra resolver seus pepinos e é cheia de frescuras. Tem TPM, e o pior de tudo é que só sabe implodir num choro nervoso que nunca leva a nada. Se stressa com coisas que nem sempre estão além do seu alcance e de vez em quando (de vez em sempre) não entende que as coisas não podem ser perfeitas. A vida nunca vai ser do jeito que ela quer, e ela tem que se acostumar. Não consegue viver sob pressão, e nem com um mínimo de organização prática e racional das coisas. Queria estar de férias (já), porque não suporta a família toda relaxada e feliz e ela não. Queria um colinho. Queria estar apaixonada, porque só assim todos os outros problemas desaparecem em prol de um maior. Porque pra ela, paixão é sempre um grande problema.
...
Mas seus dias bons são intensos. Aliás, tudo nela é intenso. E quando cai, levanta. E pelo menos um verso da música é verdade: vai morrer de rir.
...
Photobucket - Video and Image Hosting
......
(soundtrack: Chico Buarque - Dura na Queda)

quinta-feira, 23 de novembro de 2006

não-post

Line Gilmore está presa no limbo dos trabalhos de faculdade. E ninguém sabe por quanto tempo...

até lá, vão sobrevivendo sem ela...

(soundtrack: The Beatles - There are Places I Remember)

sábado, 18 de novembro de 2006

nonsense

Tá difícil pra caramba escrever... Não considerem as palavras a seguir como uma linha de pensamento definida.
...
Toda mágica tem três atos, e tudo depende da mais pura e simples falta de atenção (ou atenção desviada) do público. Se o Brasil fosse dividido em vários países, eu moraria na República Socialista de Pernambuco, e estaria, neste exato momento, na capital da República Quilombola da Bahia. Não discutam, foi a Superinteressante que disse. Dizem que dá azar entrar e sair por portas diferentes... deve ser por isso que pareço estar sempre no inferno astral - adoro ir e vir por caminhos diferentes. Não consigo usar outros players além do wmp pra ouvir música no pc, e não faço idéia de qual seja o motivo. Nando Reis ainda me toca fundo. Eu gosto do desenho das minhas narinas (é, os buraquinhos do nariz, isso mesmo). Tem gente tentando esconder de mim uma coisa que eu já sei, e não foi ninguém que me contou, descobri sozinha. Pra aprender que nunca adianta esconder as coisas, mesmo que seja pra não machucar, embora eu ache que a tal gente que escondeu a tal coisa de mim não dá a mínima pra qualquer coisa que eu pense ou sinta. Está cientificamente provado que ninguém consegue derrubar uma vaca sem o auxílio de instrumentos mecânicos. Nem mesmo a "vaca ideal", que não se mexe e nem aplica força contrária, inventada por algum físico. E por algum motivo foi essa a informação que ficou guardada na minha cabeça, e não uma coisa mais prática, como o horário do meu vôo amanhã. Bridget Jones acabou de me lembrar como sou fanática por trilhas de filmes, e que (ainda) não estou no limite da razão - pelos padrões dela ainda demora um pouquinho, ufa! - e ainda dá pra encontrar meu Mark Darcy, se bem que secretamente ainda prefiro um Daniel Cleaver... Salvador é enorme, com shoppings enormes, ladeiras enormes, avenida ACM enorme e uma enorme quantidade de igrejas (dizem que é uma pra cada dia do ano). E um pôr-do-sol enormemente lindo no Solar do Unhão. Perdi 2 vezes o último capítulo da única novela das 7 que acompanhei desde o comecinho, alguém faz o favor de contar... tô morta de preguiça de olhar na globo.com. Toranja é uma fruta esquisita, e uma banda esquisita também. Portuguesa. Com letras que provavelmente só os portugueses entendem. Mas é legal, recomendo pra as horas de fossa e de dormir, quando não importa a letra, só o som e o sentimento. Deu uma saudade imensa, neste exato momento (e corri pra colocar no player e não perder o instante), de uma música dos Bee Gees, How Deep is Your Love. Aliás, o som dos Bee Gees é absolutamente gay (no bom sentido), e eu adoooooro. E me dá outra saudade, meio boba essa, de outras coisas também bobas. Alguém questionou qual é a perna do Saci Pererê, a direita ou a esquerda, e fiquei curiosa pra saber também. Alguém sabe? Descobri que gosto de andar sozinha, com minhas havaianas e meus pensamentos, sem que absolutamente ninguém me conheça. Por qualquer lugar. Anteontem comi pão sírio com tahine, e lembrei do Sheik, barzinho e restaurante árabe delicioso de Ilhéus, que fechou só Deus e o dono sabem por quê. Tô doida pra ficar mais amiga dos meus colegas de escola. Já dizem, né, antes mal-acompanhada... (kkkkkk, é não, é não...) E até eu já estou cansando dessa verborragia nonsense, então vamos parar por aqui.
...
Eu avisei, não foi? Bom, pra terminar (eu não resisto mesmo!), achei uma coisa superinteressante no meu segundo passeio no Pelourinho, com mamãe e tia Keu, e que surpreendentemente não vi quando fui com minhas coleguinhas, 2 dias antes:
...
Photobucket - Video and Image Hosting
...
(soundtrack: Los Hermanos - Conversa de Botas Batidas)

terça-feira, 14 de novembro de 2006

da terra de todos os santos

Diretamente de Salvador, Line Gilmore encontrou Dona Inspiração. Ou não aguentou muito tempo sem postar (acho que o caso é mais esse).

...
Não vou contar detalhes da viagem pra cá, porque toda viagem curta e pela Gol é basicamente a mesma coisa. Não conheci ninguém legal, não consegui tirar fotos porque fiquei no corredor - e foi um desperdício aquele gordo na janela, porque o pôr-do-sol visto de cima era simplesmente perfeito - e minha bagagem veio com 2 kg de excesso. Então, sem comentários, por favor.
...
A estadia aqui está sendo (será redundância demais?) ótima. Vim com o objetivo principal de participar do RêDesign, mas o que mais aproveitei até agora foram os filmes da HBO. Tá, o Rê seria bem mais legal sem essa chuva, que parece o temporal ininterrupto de Cem Anos de Solidão, credo! O tempo chato estragou quase toda a programação do Rê, que incluía passeios fotográficos pela cidade e oficinas ao ar livre. E o fato de não estar no alojamento da Escola de Belas Artes junto com meus coleguinhas agrava um pouco minhas características anti-sociais. Ontem, por exemplo, teve show de Cordel do Fogo Encantado, e eu provavelmente teria ido se estivesse junto com a turma. Tá, não que eu fizesse questããããão, porque nem conheço Cordel direito, mas era a oportunidade perfeita pra socializar e deixar de ser tão outsider. Mas é como eu disse a Sérgio, meu triste coleguinha que não veio de besta que foi de não se decidir a tempo (eu sei que ele está lendo agora, hahaha), Salvador tá bem melhor que o Rê.
...
Salvador é enormemente cheia de lembranças da última vez em que estive aqui. Foi pra a festa da Rede Bahia, quando mamãe e eu vimos pela primeira vez a edição prontinha, saída do forno, do curta A Menina do Cadarço Desamarrado (tem um pedacinho da história aqui). E a gente andou pra caramba no centro da cidade. E eu estreei meu All Star preto de cano alto, lembrando o tempo todo da música de Nando Reis, e apaixonadamente feliz e boba.Tempo bom...
...
Tudo bem. Amanhã mamãe chega, junto com o cabo da câmera, tornando possível o descarregamento das fotos. Não são muitas nem estão muito boas, mas eu particularmente adorei aquela dos Rêzinhos pichados no banco da EBA. Provavelmente seria a foto do dia. E a chegada dela deve render muitas ooooutras fotos boas, e risadas, e conversas nonsense (e ainda tem tia Keu pra engrossar a massa, ela que é outra virtuose em conversas nonsense...), e stress na hora de arrumar a mala de última hora. A situação da minha pequena mala de 25 kg, aliás, é extremamente caótica. Deus me ajude... vou ter que arrumar um jeito de levar minhas canecas na bagagem de mão. Alguém sugere alguma coisa?
...
Bom, vou deixar pra pensar nisso domingo. O dia proibido de pensar ultimamente... É como se desse pra congelar a vida exatamente como ela está, nesse finzinho de férias que dá a sensação de que todo tempo é pouco e deve ser aproveitado. Mas não dá, e eu nem sei se quero. Prefiro só aproveitar, e ouvir um milhão de vezes Flowers in the Window, a música desses dias, que é incrivelmente alegre, otimista e apaixonada. Tinha que ser Travis... é só dar play que toca (achei o máximo esse playerzinho que mamãe descobriu, hihihi!).
......
A foto da janela também serviria perfeitamente aqui no finalzinho... mas já tô viajando demais. Deixa essa, a última do meu lugar especial que já deixou uma saudade enorme. E deixa eu ir, que amanhã ainda tem Rê.
...
Photobucket - Video and Image Hosting
...
(soundtrack: Nando Reis - Nos Seus Olhos)

quinta-feira, 9 de novembro de 2006

she's leaving home

Escrevi isso hoje de manhã, e por alguma razão esqueci de publicar:

Pessoal, é com enorme pesar que venho comunicar que vou sumir por uns dias... não sei quantos exatamente. O fato é que tá acabando a farrinha de post dia-sim-dia-não, simplesmente porque as férias já deviam ter acabado desde o início da semana. Buá...

E eu não sei o que quero agora. Ansiosa pra descobrir o 2° período e ver como minha vida vai se ajeitar a partir do começo do ano, já que vou ter que me mudar de nooooovo. Querendo muito conseguir um emprego legal, que realmente tenha coisas boas a acrescentar ao meu repertório (puxa, falei bonito agora!). Doidinha pra encontrar Lídia, minha prima-irmã, de quem já falei aqui há um tempo, e dar umas saídas legais com ela e dona Vanessa. Com uma saudadezinha de Recife, mais especificamente do Recife Antigo, que já é o meu lugar. Mas morrendo de medo de meu pc estar pifadinho, o que atrasará muitíssimo a minha vida caso seja verdade, e já acostumada com o não-fazer-nada de estar em casa.
...
Vou morrer de saudade (de novo) das horas no piano, que continua delicioso de tocar, como sempre, e dos banhos longos e despreocupados, e de assistir aos clássicos da Sessão da Tarde, e de sair por aí fotografando ruas e o pôr-do-sol, e de Mel me atormentando por uma coçadinha na barriga, e dos almoços no Mestre Cuca, e das discussões absurdamente nonsense de Lorelai e Emily Gilmore à mesa, e de dizer besteira e ser entendida, e de me esparramar nos travesseiros de mamãe, só de pirraça, e do café que Vera faz, e dos miojos do irmãozinho, e da internet decentemente rápida, e da abundância de fotos, e de dizer Ni na hora em que eu bem entender, e de não me preocupar. Disse bem quem falou que casa de mãe é hotel 5 estrelas...
...
Mas não vamos ficar sentimentais, né? Até porque nem tem necessidade. Tô indo a Salvador amanhã, pra o RêDesign (encontro regional dos estudantes de design - NNE), e na outra semana mamãe chega lá também, pra passar os últimos dias. O ooooutro final de semana é que vai ser o da choradeira, porque vou de verdade, e ainda bem que não vai ter ninguém mais pra ver. Aí vou cair de paraquedas no 2° período, com um milhão de assuntos atrasados pra pegar com os coleguinhas e umas faltinhas bestas. Ai ai...
...
Mas deixa eu ir embora, que tô pouquíssimo inspirada. Queria que o último post em casa fosse aqueeeeela coisa massa, mas infelizmente dona Inspiração resolveu me dar um olé, de novo. Não dá pra lutar contra, né? Deixa eu ir ali no colégio me despedir dos coleguinhas, amigos impagáveis forever and ever.
...

Fui!
...
(soundtrack: The Beatles - She's Leaving Home)

Depois de me divertir pra caramba lembrando das técnicas espetaculares de passar e pegar pesca na prova, junto com meus coleguinhas no cursinho (por aí dá pra ver o motivo de não terem passado...), e de abraçar todos como se fosse a última vez da vida - e pode ser mesmo - tinha que cuidar de aspectos práticos da viagem, tais como arrumar a mala e ler o enorme email de instruções do Rê. O último dia na cidade até que foi proveitoso. Fui em 2 cursinhos, coloquei as últimas roupas pra lavar, pintei as unhas todas de minúsculas bolinhas pretas, num trabalho que exigiu muito mais paciência e sangue frio do que coordenação motora, assisti a um filme (The Sisterhood of the Traveling Pants, altamente recomendável pra amigas em festa do pijama, e em qualquer outra ocasião também), liguei pra Lídia (e conversei beeeem muito), terminei de catar tudo que tinha que ir pra a mala, tudo isso na tentativa de me manter ocupada, pra não deixar a cabeça vazia, dando lugar à saudade que já vem chegando. Mas a essas horas não tem jeito. Ainda mais ouvindo as canções dos Beatles que toquei tanto no piano esses dias...
...
Aff, jurei que não ia ficar sentimental, e não vou mesmo. Tá, só um pouquinho. Mas algumas coisinhas me renderam bons sorrisos nos 33 dias que passei aqui: melhores amigas ficam pra sempre, mãe definitivamente não é tudo igual (a minha é completamente surtada), a Sapetinga continua sendo o lugar mais perfeito da cidade, o acarajé Popular ainda é o melhor que existe, e amores, ao contrário do que eu pensei um dia, não serão sempre amáveis, e nem eu. Coincidências felizes aconteceram, tipo eu encontrar na rua pessoas que queria muito ver, mas não sabia como, e com certeza tudo valeu a pena. Enfrentei alguns fantasminhas, passei longe de outros e esqueci completamente de muita coisa que me stressava. Então valeu. Com certeza.
...
..Photobucket - Video and Image Hosting.
...
(soundtrack: Travis - Flowers in the Window)

terça-feira, 7 de novembro de 2006

providências funerárias

Inspirada pelo texto da Flá Wonka no Garotas, em post especial do dia de Finados, e pelas divagações de minha vovozinha querida, no mesmo dia, sobre querer o caixão mais bonito, ainda que custasse 50 mil verdinhas, resolvi deixar aqui as instruções pra minha festa de despedida. E como não costumo dar festas em vida, imagino que seja difícil imaginar como eu teria gostado, né?
...
Em primeiro lugar, doem meus órgãos (os que ainda prestarem depois das doses cavalares de café e coca-cola, que provavelmente serão a causa da minha morte). Se o corpo ainda estiver apresentável, o encarregado de me arrumar, por favor, lembre de como eu me vestia. Vou odiar estar com um vestido cafoninha, desses que parecem sair da confecção direto pra as funerárias, e uma maquiagem cor-de-rosa. Eu nunca fui cor-de-rosa, ué. Lembre do lápis preto na parte de baixo do olho, dando uma leve puxadinha pra fora, e do batom vermelho-quase-vinho-com-um-leve-toque-de-roxo (é, eu me maquio com aquarela). Ah, se conseguirem a roupa de Satine (Nicole Kidman em Moulin Rouge), também vale, já que mortas não precisam mais respirar e não sentem dor com espartilhos de barbatana de tubarão. E eu ia ficar bem gostosa...
...
Não quero cerimônia em igreja, porque é deprimente ver que o espaço é bem maior que o número de pessoas, e é extremamente difícil alguém, principalmente se for pouquíssimo sociável como eu, encher uma igreja num velório. Deus já vai ter me recebido no céu mesmo, então não tem importância. Arrumem um lugar legal, e que não tenha escadas. Porque se eu for desastrada morta do mesmo jeito que sou em vida, o caixão provavelmente vai escorregar das mãos dos carregadores e cair dramaticamente, e abrir, e meu corpo vai ficar todo bagunçado e cheio de hematomas, e vai parecer que morri por agressão de algum namorado violento. Fora o transtorno de pegar um cadáver caído da escada, incrivelmente pesado (porque parece que o peso de uma pessoa triplica depois que morre) e colocar de volta no caixão, não sem antes quebrar alguns ossinhos. O caixão, aliás, não precisa - nem deve - ser cheio de frufrus, nem de madeira deprimentemente escura. Quero simples e de bom gosto (acho que eu mesma vou desenhá-lo um dia desses). E tem que estar forrado de veludo, ou qualquer tecido fofinho, menos pelúcia, da minha cor preferida do momento. Na presente data, é vermelho. Não esqueçam de deixar um celular e um tubinho de oxigênio, pra o caso de eu não ter morrido mesmo. Se bem que, se estiver viva, vou acabar levantando empolgadíssima quando tocar Live Forever.
...
O velório (que palavra... fúnebre!) tem que ser memorável. Café preto bem forte, e com açúcar na medida, do jeito que eu tomo, pra os convidados. E chocolate meio-amargo. E alguma coisinha gostosa de comer, só não vale camarão. E alguma bebidinha alcoólica pra quem quiser afogar as mágoas de ter me perdido. E coca-cola, é lógico. Mas por favor, sem excessos, que depois de tanto evitar barraco, não quero um na minha última aparição pública. Mãe, não precisa se fazer de forte, como você faz sempre que alguém morre e alguém tem que tomar as providências. Podem chorar, mas riam de vez em quando lembrando de mim. Quero um monte de fotos minhas espalhadas por todo lugar, e é óbvio, no telão, na hora do discurso da família, quando o fundo musical vai ser aquele cd de Beatles For Babies. Quero que meu avô faça uma oração daquelas beeeeeeeem enormes, e que me abençôe pela última vez. Ok, não vai adiantar muita coisa, porque já vou ter passado dessa pra a melhor (muuuito melhor) mesmo... mas é bonito.
...
A música é importantíssima. Não dispenso Suburbano Coração, Valsinha, Todo Sentimento e mais um monte de meu amor Chico, nem Come What May, de Moulin Rouge. Tem quer ter lugar pra as tantas paródias que já inventei em família (Deus ajude mamãe, papai e o irmãozinho a lembrarem de alguma), e, é claro, Oasis e Beatles até seguir o enterro. Só não vale Eleanor Rigby, porque ninguém merece morrer como ela. Acho até que vou fazer uma listinha...
...
Blackbird, You've Got to Hide Your Love Away, Stop Crying Your Heart e Here, There and Everywhere, Quem Vai Dizer Tchau, as tristinhas, pra a hora do choro, quando estiverem vindo me ver no derradeiro leito (oooh, falei difícil... só pra não falar "caixão", que é uma palavra tão... fúnebre!). Depois, põe pra rodar Os Saltimbancos, primeiro musical que decorei inteirinho (o segundo foi Moulin Rouge), e as músicas que ouvia quando era criança, quando estiverem passando as fotos. Nessa hora o astral do povo deve estar mais levantadinho, porque tenho certeza que algumas das fotos escolhidas vão ser hilárias. Estou até pensando em deixar uma seleção bem fácil na área de trabalho do meu pc, e um bloco de notas com as últimas instruções bem direitinho, e todas as minhas senhas da internet, pra quem encontrar primeiro fazer o favor de encerrar Orkut, MSN, Gmail, blog... odiaria ver meu nome na Profiles de Gente Morta, credo! Mas retomando o raciocínio, quando o astral estiver melhorzinho, pode tocar I'm Only Sleeping, Yellow Submarine, Olê Olá, Dura na Queda, Razorblade dos Strokes, e a pequena audácia de Twist and Shout, ou I Will Survive (se ninguém se mexer eu volto pra puxar o pé!). Pra ser um pouquinho de nada clichê, toca alguma de Robbie Williams, que é o favorito dos enterros da Inglaterra. Angels ou She's the One, ou Something Stupid. Mas tem que terminar com Live Forever, do Oasis, é óbvio.
...
Se eu tiver namorado, ele tem que fazer uma declaração de amor póstuma, cantar a nossa música (que vai estar tocando ao fundo) em meio a uma piscina de lágrimas, que se não chorar eu mato, e lembrar dos nossos mínimos detalhes juntos. E jogar uma rosa na hora de descer o caixão. E nada de amiguinhas oferecidas oferecendo um ombro amigo, ok?
...
As rosas me lembraram um ponto importante: as famigeradas flores de enterro, tingidas das piores cores possíveis, sabe Deus com que tinta, e que ficam cheirando mal com muito pouco tempo. De jeito nenhum!!! Pode ser no máximo um buquê de rosas na minha mão, e pétalas, muitas pétalas, dentro do caixão. E se alguém mandar alguma daquelas coroas de presente, chuta que é macumba! No ambiente todo, quero o perfume que eu usava. Não o de ocasiões especiais, mas o de todo dia, que é o que todo mundo vai lembrar.
...
Na hora da marcha fúnebre, peloamordedeus, não me venham com aquela Kombis (é, é Kombis mesmo, kkkk) ridícula, com aquela cortininha mais ridícula ainda atrás. Escolham um lugar bonito perto do cemitério, porque eu adoraria ser carregada a pé, pelos meus priminhos queridos. Mas se não der, arranjem um carro espaçoso e pendurem latinhas barulhentas na parte de trás, e que o carro tenha um som bem potente, pra tocar The Long and Winding Road, The Masterplan e Wonderwall.
...
E finalmente, o que fazer com o corpo? Não quero aquela coisa mórbida de ser cremada e jogada no mar, ou então dividida em vários pouquinhos de cinza pra todo mundo, e deixar meus restos mortais sem descanso forever and ever. Podem me enterrar tranquilamente. Adoro a cena do caixão descendo pelas cordas. Só não deixem acontecer nenhum acidente nessa hora, por favor... já vi um caixão descer todo desastrado, e não é nada legal. Ninguém ri. Joguem os montinhos de terra, que nem nos funerais de filmes americanos (é patético, eu sei), e flores. Rosas e pétalas, de preferência. E é bom uma foto bonitinha e espontânea, tirada sem que eu estivesse olhando, em preto-e-branco, na lápide. E alguma frase minha - tem muitas no blog pra escolher - ou alguma autodefinição que coloquei no orkut (a atual ficaria ótima, acrescida no final de um "e que deixou saudades").
...
E pronto. E não briguem pelas lembranças, peloamordedeus. Podem brigar pelas obras de arte, e pelas cadeiras desenhadas por mim, que vão valer muitos dólares, mas não pelas lembranças (Puxa, fui ficando emotiva...). Fim. Ou R.I.P, se preferirem.

...
Photobucket - Video and Image Hosting
só assim pra eu descansar...
...
(soundtrack: Corinne Bailey Rae - Like a Star)

sexta-feira, 3 de novembro de 2006

pequenos Nis totalmente desconexos (de novo...)

Só fiz isso por aqui uma vez, e há muito tempo. Tantos Nis pra dizer e tão pouco tempo... mas nenhum é assunto pra um post inteiro (estranhos esses meus conceitos de post inteiro, não?), então lá vai, mais ou menos em ordem:
...
O filme de ontem da Sessão da Tarde (é, tô mesmo desocupada) foi Ferris Bueller Day's Off, vulgo Curtindo a Vida Adoidado, um cláaaaassico! Já tinha ouvido falar bastante, e sempre via uns pedaços soltos, porque nunca tinha tempo nem paciência, e odeio pegar filme pelo meio. Pois ontem assisti inteirinho, fazendo absolutamente nada ao mesmo tempo, comendo biscoito de polvilho com goiabada, no melhor estilo Garfileld. Mathew Broderick era um fofo, a cena, que deve ser antológica, de todo mundo dançando Twist and Shout é impagável (deu vontade mesmo de estar num show dos Fab4, twisting and shouting...), e ainda teve moral da história: a vida é tão curta que, se você não aproveitá-la, quando vai ver, ela já passou. E de vez em quando compensa fazer umas travessuras pra se divertir. Me lembrou um bocado O fim-de-semana com mamãe em Recife, quando deixei um milhão de deveres de casa por fazer, faltei o trabalho descaradamente, matei aula e não atendi o celular de propósito, sabendo que tinha pessoas doidas me procurando (e que provavelmente comeriam meu fígado se não fossem meu pai e minhas titias queridas), e tudo isso com uma sensação incrível de impunidade, e de viver perigosamente. É, tô com o Ferris!

...
Photobucket - Video and Image Hosting
save Ferris!
...
...
Ainda ontem, fui ao teatro assistir a uma apresentação da minha ex-escola de música, que é ex mas é pra sempre. Deu uma vontade louca de estar naquela bagunça dos bastidores, escutando, não sem uma pontinha de culpa, os mantras de tia Mari, limpando a flauta apressada e me olhando no espelho o tempo todo pra ver se o figurino estava perfeitamente perfeito. E de entrar com a flautinha atrás, e tocar procurando minha mãe e mais alguém conhecido na platéia, e agradecer as palmas no mesmo tempo de todo mundo, com a flautinha atrás. E de receber os parabéns, e sair pra comer em algum lugar gostoso, pra comemorar. Uma das minhas colegas de turma tocou João e Maria na flauta transversal. E é a música que minha flauta praticamente toca sozinha, toda vez que faço aquela posição que nos primeiros dias de aula era puro (a) contorcionismo/tortura e coloco o biquinho no lugar. E teria sido eu lá na frente, com o cara do violão e um canhão de luz, tenho certeza. Didi perfeita, como sempre, na flauta tenor. Os toquinhos de gente de tia Mari são umas figurinhas. Samyra virou compositora (in english ainda mais!), e apesar dos percalços técnicos, a voz dela ainda é linda, e vai ser pra sempre. Deu uma vontade de ter estado lá, mas fiquei feliz por ter aproveitado toda a minha história na Clave de Sol intensamente. E amei demais os quase 3 anos que passei, entre Ilhéus e Itabuna, só amando a música.
...
...
Ócio criativo a todo vapor!! Passei as tardes de ontem e hoje num hobby bem peculiar: inventar capas de bloquinhos de papel, antes praticamente relegados ao esquecimento em algum lugar de bagunça, usando recortes de revistas. É infinitamente super divertido, sem falar que agora mamãe e eu temos bloquinhos de papel (indispensáveis pra quem é DDA, pela necessidade de anotar tuuuuudo) incrivelmente cool. Cada um é único e exclusivo, porque ainda que eu tivesse outra edição da mesma Veja, a colagem não sairia igual nunquinha, e cada bloquinho é torto de um jeito diferente, hehe. Ainda coloquei em dia minha leitura de Veja, porque a cada matéria interessante que aparecia, eu parava com a busca por imagens bonitinhas e começava a ler. Depois, pra lembrar que diabos é que eu estava procurando, era um loooongo processo.
...
Photobucket - Video and Image Hosting
a produção...
...
Photobucket - Video and Image Hosting
...e o sofá depois do tsunami criativo (ei, gostei dessa expressão, vou usá-la mais vezes!).
...
...
Acabei de voltar da Santa Clara Movie Night. Xeque-Mate (sem spoilers), ou Lucky Number Slevin (com spoilers!!!), óooootemo. Muitíssimo bem-humorado e bem-apanhado em matéria de elenco. Josh Hartnett é absurdamente lindo, até de nariz quebrado, e Lucy Liu deve ter quebrado o próprio recorde de palavras ditas por segundo. Bruce Willis... é Bruce Willis, e os diálogos do Rabino e do Chefe (não necessariamente with each other, apenas) são confusamente deliciosos. Tudo é surpreendente, não só o final. Fiquei curiosa como Nick-que-não-é-Nick consegue enxergar o que é o bispo no tabuleiro de xadrez de vidro do Chefe. Lindíssimo, aliás, o xadrez. Vou parara de falar, porque se der detalhes a história fica sem graça.
...
...
Tentei mudar pra o Blogger beta, mas ele é ainda mais chato que o old fashion Mr. Blogger. Tem umas vantagens bem legais, mas não dá pra ficar com o layout do meu jeito exatamente (e layout é tudo, gente). Talvez um dia eu consiga, vou ficar tentando ainda por esses dias. Por isso, não se assustem se o blog mudar de endereço ou coisa assim. Ainda acho que talvez vá valer a pena mudar, mas só mudo se for pra ficar perfeito.
...
...
Hoje (re)encontrei um caderno de partituras dos Beatles. Tocar sabendo exatamente quais eram as notas foi talvez a parte mais deliciosa da minha manhã. Curiosamente, Here, There and Everywhere, a minha preferida pra piano dos Garotos de Liverpool, não tinha no caderno. Buá. Mas me deliciei com várias das outras 30.
...
Photobucket - Video and Image Hosting
you say goodbye and I say hello! (by the way, só falta uma semana pra eu arrumar as trouxinhas e viajar de volta, não sem antes bagunçar pra caramba no Rê. Hellos and goodbyes se aproximando...)
...
...
And last but not least...
acabou a promoção Diga Ni Primeiro!!
ok, ok, foi um retumbante fracasso. Talvez pela minha não-estratégia de marketing com relação ao prêmio, vocês, pessoas preguiçosas ou envergonhadas, não se animaram de estrear os comentários nos posts virgens. A única que se dispôs a tal feito heróico foi mamãe (pra variar...), e ela ganhou. Observem o entusiasmo da garota ao anunciar...
E o prêmio? Provavelmente é um dos bloquinhos super cool aí de cima.
:P

Ufa, já foram Nis mais que suficientes, né? Esse provavelmente foi meu post mais rico em imagens e links de toda a história do blog. E o mais volumoso também. E o com mais termos in english... e o que mais demorou a ser escrito, e um dos poucos que foi totalmente concebido totalmente em frente ao pc. Santo photobucket, vamos comemorar!
...
(soundtrack: Corinne Bailey Rae - Put Your Records On)

quarta-feira, 1 de novembro de 2006

borboletas amarelas

Terminei de ler Cem Anos de Solidão essa semana. E à medida que ia chegando o final, deu aquela agonia de terminar logo, saber o final, embora soubesse que não seria lá muito feliz. Pra quem sempre entendeu e foi ensinada que os clássicos da literatura eram Machado de Assis, José de Alencar, Aluísio Azevedo e todos esses autores que nos obrigam a ler na escola, García Marquez, também como clássico, dá de 10 a zero (tá, em Machado dá de... 2 a zero, vá lá). Uma leitura incrivelmente gostosa e sedutora, daquelas que prendem os olhos e só deixam a mente voar dentro da história. Não me admira que tenha sido um estrondoso best-seller quando chegou às prateleiras pela primeira vez, na década de 60. E muita gente (os mais metidinhos a cult) costuma dizer que é um livro pra as massas. Pois eu adorei justamente por isso, por ser fácil na medida do possível e abrangente, e tecer uma imagem ao mesmo tempo real e mágica do povo latino, daquele povo que a gente vê nas fotos da National Geographic, sabe?
;;;
Ao todo foi quase um mês mergulhada no universo mágico de Macondo, um vilarejo perdido em algum lugar da Colômbia (e só fui descobrir que era na Colômbia já no meio da história, porque o autor não faz esforço nenhum pra explicar nada), e no clã dos Buendía. Percebi que devia ter seguido o conselho das várias resenhas na internet, e ler o romance com um caderninho do lado, pra não confundir todos os Aurelianos e José Arcadios. É, todos os descendentes do patriarca se chamavam Aureliano ou José Arcadio. E todos tinham a marca da solidão e algum grau de loucura em sua vida. E é claro que o nome tinha muito a ver com essas maldições hereditárias. E das mulheres que viviam cem anos, a única que conseguiu ser feliz de amor morreu no parto.
...
As ruínas do galeão espanhol de José Arcadio Buendía, a fascinação de Aureliano ao ver gelo pela primeira vez, as 32 guerras do Coronel Aureliano e seus 17 filhos que ficaram pra sempre marcados com uma cruz de cinza na testa, Pilar Ternera e Úrsula Buendía, as mulheres centenárias que eram os únicos pilares (pegou, pegou?) de sanidade da história, as borboletas amarelas deMauricio Babilonia, os pergaminhos de Melquíades, os peixinhos de ouro do Coronel Aureliano, o trágico triângulo amoroso de Rebeca, que comia terra e cal das paredes, Amaranta, que tinha em si tanto amor que acabou por não dá-lo a ninguém e Pietro Crespi, o italiano da pianola... A frieza católica de Fernanda del Carpio, que só urinva em penicos de ouro, a praga da insônia trazida por Rebeca, os gêmeos Aureliano e José Arcadio Segundo, que eram tão um só que confundiram suas personalidades e só as destrocaram no túmulo, a tragédia de 3 mil mortos em uma única tarde, que só José Arcadio Segundo viu, a ascenção ao céu de Remedios, a Bela, as histórias de amor e sexo incestuosas e frustradas, o tempo que não passava, girava em círculos... é impressionante a quantidade de coisas mirabolantes num livro só, que cobre um século de histórias tristes e misteriosas, fantasmas que teimam em não ir embora e personagens que a gente nunca tem certeza de que estão vivos mesmo.
...
Os Buendía não deixaram descendentes, porque o último Aureliano nasceu com rabo de porco e foi comido pelas formigas vermelhas. A história, que está toda nos pergaminhos de Melquíades, termina com a constatação de que a uma estirpe condenada a cem anos de solidão, não é dada uma segunda chance. Terminei triste com a história e por ter termindado, que por mim ficava lendo pra sempre, mas feliz de ter entegue minhas emoções a uma história, porque histórias sempre têm algo a acrescentar. Talvez um dia eu encontre a moral da história.

...
Photobucket - Video and Image Hosting
O Cara.
...
(soundtrack: Chico Buarque - Tanto Amar)