domingo, 25 de fevereiro de 2007

come here

Não vou nem me estender sobre o meu sábado delicioso, o dia em que só fiz coisas que gostava, desde me espreguiçar na cama sentindo o friozinho que gosto tanto até ir a 2 cinemas - é, 2 filmes muitíssimo esperados em 2 cinemas diferentes. Não sei dizer qual foi melhor, Pequena Miss Sunshine ou O Labirinto do Fauno. Os dois são histórias de menininhas, cada uma com seus sonhos e suas tragédias, e que encaram a vida de uma maneira parecida, mesmo que pareça totalmente diferente. Olive e Ofelia me cativaram (engraçado, as duas começam com O!). Uma me fez quase entrar numa crise descontrolada de riso dentro do cinema, a outra quase me fez chorar. Trilhas sonoras belíssimas, que eu escutaria de olhos fechados se naõ tivessem fotografias também tão boas. E outra coisa que quase me surpreendeu foi ver, nos dois filmes, as sessões lotadas. Sessões de arte, diga-se de passagem, que mídia nenhuma divulga. Quer dizer, as pessoas procuraram mesmo a chance de assistir a filmes bons que estão fora do circuito comercial (eu inclusive, que já estou começando a achar que tenho faro bom pra essas coisas, desde o dia de Almodóvar), o que mostra que nem tudo no mundo está perdido. O Cinema da Fundação, onde assisti O Labirinto do Fauno, me cativou também. O ambiente é extremamente charmoso, com cara de cinema antigo, mas muitíssimo bem cuidado. Espero chegar lá num dia em que o café esteja aberto.
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Mas não vim aqui pra isso (é impressionante como eu perco o foco rápido!). Na verdade, queria só dizer da alegriazinha besta, que completou meu dia:
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There's a wind that blows in from the north.
And it says that loving takes this course.
Come here. Come here.
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No I'm not impossible to touch
I have never wanted you so much.
Come here. Come here.
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Have I never laid down by your side.
Baby, let's forget about this pride.
Come here. Come here.
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Well I'm in no hurry.
Don't have to run away this time.
I know you're timid.
But it's gonna be all right this time.
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(Kath Bloom - Come Here)
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Quando vi pela primeira vez Antes do Amanhecer, fiquei apaixonada pela música que tocou na cabine da loja de discos de Viena, e algumas vezes depois durante o filme. Passei dias tentando baixar, mas nunca tinha fontes suficientes. Esqueci, com aquela pontinha de frustração. Até que, esses dias, vi a letra no blog da Aninna, e morri de saudade. Lembrei de novo, e dessa vez, com o e-Mule recém-instalado só por causa dela, consegui. E já decorei a letra, que é a coisa mais fofa, de tanto escutar um milhão de vezes, sorrindo de olhos fechados. Eu sou tão boba.
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antes do amanhecer
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(soundtrack: adivinhem!)

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

in memorian

Lembra quando a gente jurou amizade eterna, pra sempre-sempre-eternamente-amém? Lembra quando a gente acreditava com todas as forças que não íamos nos esquecer nem nos afastar, e dos rios de lágrimas de despedida que choramos na frente de todo mundo, e que todo mundo achava nós duas as maiores amigas de todos os tempos do colégio (tá, da turma, vai)?
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Lembra de quando todos perguntavam pra você quando queriam saber de mim, e vice-versa? Lembra das conversas intermináveis nas folhas de fichário, e dos olhares e risinhos presos que tornavam elas completas? Dos bilhetinhos com canetas coloridas, onde dizíamos frases feitas, mas que pareciam feitas só pra nós, e que mais tarde viraram cartas e coisas imensas e importantíssimas... Lembra das horas e horas e horas na frente do colégio depois da aula, porque não tinha nada melhor pra fazer com o tempo do que gastá-lo em longas conversas sobre garotos, ou em qualquer nada que fizéssemos juntas... das reuniões de trabalho em equipe, que sempre começavam e terminavam só com nós duas, porque você nesses dias almoçava lá em casa, e era sempre strogonoff, lembra disso? Lembra do tanto que uma chorou no ombro da outra? Lembra de como eu sempre tinha o coração de manteiga pra umas coisas, e você pra outras, e dava certíssimo, porque uma trazia a outra de volta sempre... Lembra de como você era patricinha e eu um caos, você organizada e eu criativa, você observadora ao extremo e eu completamente avoada? Não sei como a gente deu certo tanto tempo. Lembra de nossas briguinhas idiotas, e de outras nem tanto, mas que serviram pra que a gente se aceitasse mais (ou não)? Eu lembro de tudo.
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Da primeira vez que vi você, de aparelho e cheia de coisinhas no cabelo, e pensei que esse era o tipo de gente com quem eu nunca conseguiria me dar bem. E da vez em que eu te disse isso, e você disse que pensou a mesma coisa de mim, que nunca pensou que seríamos melhores amigas. Eu lembro do seu antológico fichário de pelúcia rosa, da sua agenda da Capricho, da inveja que eu tinha de você pelo tanto de coisas legais que você tinha. Da inveja que você tinha de mim por causa das minhas notas... do primeiro 10 em química que eu tirei, e poderia ter nos tornado inimigas pra sempre, mas foi nos deixando cada vez mais próximas, e muitas vezes era você quem me ensinava o assunto. Lembro dos emoticons extremamente irritantes do seu MSN, da maneira como você sabia me provocar, me chamando de CDF, e na verdade você estudava bem mais do que eu... lembro da época em que a gente começou mesmo a chamar a outra de "melhor amiga", e como eu me sentia feliz. lembro de como você me fazia ver meus erros, de como você era importante pra mim e eu pra você. Aí, de uma hora pra outra (ou talvez não) isso tudo era vidro e se quebrou. E eu sei exatamente quando foi. Dava pra sentir, eu já conhecia seu jeito de dizer que não foi nada, mas deixando implícito como uma faca nas costas, por baixo da roupa, que foi sim, muita coisa. Aí não adiantava mais nenhuma cartinha com canetas coloridas ou pedido de desculpas. Resolvemos então fingir, as duas, que estava tudo bem. Estamos até hoje fingindo, e essa é a coisa mais patética que duas pessoas que se conhecem tanto podem fazer. E fico às vezes achando que o anel que tu me deste, e que era vidro, se quebrou por culpa minha só. Não foi.
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Uma coisa muito curiosa é que nós não ficamos parecidas, como melhores amigas sempre ficam. Devemos ser como água e óleo. E eu morro de pena de ter acabado meio implícito, e de a gente não ter resolvido alguma coisa que nem sei mais o que é, de tão diluída que está pelos meinhos do nosso relacionamento. A gente se viu há menos de 6 meses, e em algumas vezes, foi como se você não estivesse lá, ou fosse outra pessoa completamente diferente. Você deve ter me visto assim também. Mas quem fez isso não foi a vida pós-colégio, o mundo novo, as outras amizades. Simplesmente não sou mais capaz de te ler, e isso é triste. Eu não te encontro mais, você apagou todos os registros que podiam me fazer lembrar da minha amiga de escola sempre que eu quisesse. E há um tempão eu peço que você apareça, que dê sinal de vida... coloco seu nome no Google e a única coisa que aparece é a lista de aprovados no vestibular. Fico sem querer aceitar que não vai fazer a menor diferença. Vamos continuar fingindo. Porque pelo menos enquanto foi de verdade, foi bom. Bom não, foi maravilhoso, foi a amizade mais intensa que já tive na vida, e talvez seja isso que eu estava tentando salvar, de tanta saudade que tenho, e sentir de novo, nem que fosse um pouquinho de nada, nem que fosse faz-de-conta. Não quero mais, porque cada vez que acho que vai dar certo e não dá, dói mais.
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Lembra de quando a gente conversou sobre a vida depois da escola, e você disse que nós íamos manter contato, e eu fiquei meio cética, dizendo que aos poucos vão rareando as coisas em comum, vão surgindo outros interesses, e daqui a um tempo nem assunto pra conversa a gente ia ter mais, lembra? Você falou que não, não com nós duas. A gente ia conseguir sim manter a amizade pra sempre, não importava como. Eu acreditei, isso eu lembro. Boba eu.
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(soundtrack: Roupa Nova - É Cedo)

off the record: a maratona de listinhas continua, viu, povo? É só eu ter inspiração pra fazer a próxima!

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

o que não se discute

Eu disse, no post das 101 coisas aleatórias que já fiz, que viriam mais listinhas, pelo simples fato de que eu adoro listinhas. e aqui está mais uma! Deveria ser 101 coisas aleatórias que não fiz, mas são muuuuitas e ia ficar sem graça, então eu teria que listar 101 coisas que não fiz mas gostaria, e já começava a complicar. Então, pra naõ perder a brincadeira, aí vai a lista de 101 coisinhas que eu gosto, não necessariamente em ordem de importância, é claro. Vai mais por ordem de lembrança mesmo. Coisas de fazer, de comer, lugares, em mim, nos outros, enfim... Algumas são óbvias, e tive que colocar, mas tem outras bem esquisitas, que nem eu consigo explicar porque gosto tanto. Mas como nãoseiquem diz, gosto não se discute, gosto é igual braço, tem gente que não tem.
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1. tempo frio e chuvinha fina.
2. café. Tanto o café com leite de minha vó, como o expresso da Cultura, ou o capuccino do São Braz, ou o café passado no coador de irmã Adélia, whatever.
3. chocolate meio-amargo.
4. ficar em casa com uma xícara de café, minha colcha de chenille de trocentos anos e um bom filme, num dia de chuva.
5. me olhar no espelho.
6. banho quente e beeeem demorado.
7. andar na areia.
8. andar de bicicleta.
9. ir ao cinema. Especialmente o Santa Clara (já falei dele aqui). Todo o ritual de se arrumar, procurar a carteira de estudante, comprar a entrada feliz porque é meia, ter a expectativa, encontrar gente, aproveitar a companhia, comprar coca-cola e pipoca, passar horas colocando sal na pipoca, pegar o lugar perfeito, conversar e rir antes de começar, ver os trailers (adooooro), e às vezes o filme nem é tão bom, mas todo o resto valeu.
10. dia de mudança, quando tudo é arrumado em caixas e coisas perdidas são encontradas. E lembranças de nãoseiquantosanos atrás reaparecem.
11. dormir assistindo televisão - é o sono mais gostoso que existe.
12. perfume Polo. Fico quase a ponto de pular no pescoço de quem estiver usando, só pra sentir mais de perto (não, eu não chego às vias de fato). Mas só vale se for o verde, original.
13. coca-cola com beeeeem muito gelo.
14. abraços apertados e demorados.
15. pitanga.
16. assstir filmes bons milhares de vezes.
17. ver desenho na globo de manhã, quando não tem mais nada pra fazer.
18. salgadinho Torcida sabor Pimenta Mexicana.
19. carinho no pescoço. Carinho em geral, na verdade, mas especialmente no pescoço.
20. admirar alguma coisa que eu fiz.
21. costurar e bordar, fazer essas coisas com roupa. Gosto disso até quando a idéia não dá muito certo.
22. descobrir uma música legal quando estou procurando outra.
23. encontrar coisas que escrevi em folhasde fim de caderno há muito tempo, e me ajudam a entender direito o que acontecia comigo.
24. que peguem no meu cabelo - porque quando são os outros que pegam, dá a impresão pra mim de que ele é mais liso. Fora que adoro carinho, né, já disse.
25. o formato de minhas panturrilhas e meus pés num salto alto.
26. lacinhos, fitas, qualquer coisa de amarrar.
27. ver que nessas lojas grandes de roupa (C&A, Riachuelo, Renner) quase nunca tem alguma coisa do meu gosto, porque aí, das duas uma: ou meu gosto é bem mais refinado ou muito fora de moda. Mas de qualquer jeito, é original.
28. olhar pra o meu cabelo quando está do jeito certo - e o tal jeito certo é muuuito relativo.
29. musiquinhas lentas, melódicas e românticas, em qualquer circunstância.
30. quando minhas unhas ficam todas bonitinhas e do mesmo tamanho, e isso é raro, dado o fato de que eu mexo com solda e massa plástica pelo menso uma vez na semana. É, com as mãos.
31. ficar vermelhinha de sol no rosto, e ultimamente isso é raro, dada a raridade de minhas idas à praia pra pegar um cor.
32. quando consigo tirar fotos realmente boas, e honestamente, isso é raro também, dada a quantidade de fotos que tenho que tirar pra sair uma boa.
33. surpresas.
34. ajudar a arrumar uma festa de aniversário, e que não seja minha, porque minhas festas eu gosto que sejam surpresas.
35. elogios sinceros, tipo "adorei sua foto nova do orkut", porque a gente sabe que pessoas só se dão ao trabalho de ir no scrapbook de outras elogiar a foto se ela estiver realmente boa.
36. lixar coisas (madeira, coisinhas de massa plástica, unhas...).
37. cadeiras giratórias.
38. conversar no MSN sem hora pra terminar.
39. morder os lábios.
40. quando uma roupa serve sem eu pensar no que vou ter que fazer com ela.
41. havaianas.
42. ir fazer exame de vista, porque a gente sempre estica pro shopping depois, e as luzes da cidade dão um efeito totalmente louco nas minhas pupilas dilatadas, na volta pra casa.
43. tocar piano.
44. minhas costas. Pra mim, são a parte mas bonita do meu corpo (cabelo não conta), pena que não dá pra ver no espelho o tempo todo. Hunf.
45. ir passear no Atacado dos Presentes.
46. mexer no Photoshop, principalmente se for fazendo algo que não seja trabalho de metodologia visual. Tá, até dos trabalhos eu gosto.
47. o Recife Antigo (e isso abrange Livraria Cultura, Paço Alfândega, praça do Arsenal, esculturas de Brennand, marco zero, feirinha do Bom Jesus, enfim), especialmente em fim de tarde.
48. cheiro de Sundown, que na minha memória se mistura com cheiro de mar.
49. aeroportos. Viagens, na verdade.
50. ter o dia cheio.
51. quando faço alguma coisa na cozinha e dá certo. Mas normalmente é algo beeeeeem besta, e sob a superisão de minha vó, então nem tem muita graça.
52. conseguir passar da metade nessas listinhas.
53. olhar revistas de decoração (fico logo cheia de idéias).
54. passear na Tok&Stok (idem).
55. aquela sensação de estar flutuando, logo que começo a perceber que estou apaixonada.
56. ganhar presentes inesperados.
57. ganhar presentes muito esperados.
58. me arrumar.
59. me arrumar de um jeito que eu fique linda, mas sem parecer que me arrumei, como se tivesse escolhido a primeira roupa o armário, e ela fosse perfeita. É muito raro, mas acontece.
60. cantar junto com a música - quando estou com os fones, normalmente o som que sai é um desastre, kkkkkk
61. comentários inesperados aqui no blog, geralmente de pessoas que eu nem suspeitava que lessem, mas acabam confessando.
62. sorvete. Aaaaaaaaamo sorvete, se pudesse, comia todos os dias. Se for de chocolate ou pitanga então...
63. me balançar ao som de hits dos anos 80. Mas só balançar mesmo, e bem de leve, porque dançar está beeeeem acima de minhas habilidades motoras.
64. passar hidratante nas pernas. É estranho, eu sempre passo mais nas pernas.
65. vento.
66. lembrar da minha época de escola. Acontece mais quando vejo algum rosto conhecido no orkut, e vou ver o álbum do ex-coleguinha, só por curiosidade, e encontro alguma foto da turma, dessas em que todo mundo se junta de bolo, e normalmente a resolução é baixíssima, mas vale.
67. ter ataques de riso.
68. lembrar das coisas de criança, tipo Castelo Rá-tim-Bum, idas ao Playcenter em caravana, desenhos da Disney...
69. jogos de tabuleiro.
70. me cansar fazendo coisas legais, e ir pra a cama e dormir imediatamente, de tão cansada.
71. descobrir coisas interessantes e que eu não imaginava sobre amigos meus.
72. vermelho.
73. escrever algo que realmente preste.
74. passear pelo meu blog, ver posts antigos e ficar retocando falhinhas e coisinhas no layout.
75. o desenho das minhas sobrancelhas. Acho elas perfeitas, quando estão arrumdinhas.
76. beijo na boca. Muuuuuuito. Quem não gosta, ué? Mais especificamente, beijo roubado. Ou quando o cidadão só acha que está roubando.
77. debates em família, sobre os mais diversos assuntos: o caráter de Íris do BBB, meio-ambiente e como a natureza é linda, a péssima qualidade das revistinhas de escola bíblica, impostos etc etc etc.
78. ler um livro de uma sentada só.
79. palmito.
80. cheiros (perfumes) que me lembram pessoas e épocas passadas. Quando sinto um desses de longe, fico procurando, só pra tentar manter a lembrança mais um pouquinho.
81. coisinhas de cabelo. Xuxinhas, presilhas, florzinhas, borboletinhas, tiaras...
82. o CAC, e todos os seus lugares e acontecimentos inusitados.
83. ver álbuns de orkut de quem quer que seja.
84. quando a soundtrack combina exatamente com o assunto do post.
85. quando encontro uma foto que combine também.
86. milkshake de ovomaltine do Bob's (é clichê, mas e daí?), e é melhor ainda se tiver o adicional de ser tomado num aeroporto, logo antes de viajar ou embarcar alguém.
86. ouvir horas e horas de música boa da mesma banda, ou de Chico Buarque.
87. ficar no banco de trás do carro, virada pra trás, olhando a estrada. Ou dormir recostada na janela. Sono de carro é tão bom!
88. ler revistas Veja antigas, mas inéditas pra mim.
89. queijo coalho assado.
90. me apaixonar. Mesmo que depois eu me ferre.
91. cumprir tudo o que coloco na agenda no dia certo. Não sei se já disse aqui, mas pra driblar o DDA, comecei a botar no papel toda e qualquer coisinha que tenho que fazer, trabalhos de faculdade, coisas pra ver na internet, até as músicas pra baixar tô anotando. E normalmente fico frustradinha por não cumprir nem metade do que resolvi fazer no dia (não sei se tem a ver com o fato de esquecer de olhar a agenda de ve em quando), mas de vez em quando consigo, e fico feliz.
92. listinhas! (não diiiiiiiga!)
93. ver as fotos no meu pc todas arrumadinhas por lugar e assunto. Músicas idem (não lugar e assunto, lógico. Duuuuuh! É mais por estilo e artista, geralmente).
94. passar cola branca nos dedos e ficar abrindo e fechando o indicador com o polegar, até a cola secar e formar uma bolinha cujo tom de cinza depende muito do grau de sujeira da minha mão. Nojento, né?
95. andar por lugares que não conheço, achando tudo estranho e novo, porque realmente é.
96. descobrir que outras pessoas também têm manias, neuras e gostos esquisitos.
97. quando consigo me desfazer de um grande número de coisas inúteis de uma só vez.
98. me dar a conhecer.
99. a palavra "amor". Que piegas...
100. não ter obrigação nenhuma de realmente chegar ao 101 nessa listinha
101. conseguir terminar algo que me propus a fazer, como essa listinha infame, que me custou quase 3 horas.
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se tiver perfume melhor que esse...
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(soundtrack: Roupa Nova - Agora Sim)

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

sem título

Vazio. Vontade nenhuma de conversar com ninguém. Dia que pode tranquilamente pasar em branco. Limbo. Hoje não é um daqueles dias em que necessito tanto de pessoas perto de mim. Só ficar em paz fazendo minha coisas. Estranhamente, vim passar o carnaval com a família, exatamente porque era com a família. Família de vez em quando enche o saco. Pessoas que eu não estava morrendo de vontade de ver, salas cheias de gente e barulho, onde não dá pra ler Budapeste sossegada, onde não dá pra pensar. Aí vou sozinha pra a rede, pra a varanda, pra a piscina, e todo mundo pensa (ninguém fala, mas tenho certeza que pensam) que eu estou com algum problema, ou apaixonada, ou escondendo alguma coisa, só porque não ando muito sociável. Só porque estou em dias introspectivos. E porque a única pessoa com quem talvez eu fosse sociável acabou de ir embora.
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Lídia ficou aqui tanto tempo que eu me acostumei com ela por perto, me fazendo companhia no meio de um monte de meninos de 15 anos, me emprestando brincos e maquiagens, sendo sempre mais sensata do que eu, mais responsável, mais adulta. Nós nos equilibrávamos, sendo opostas. E uma sempre achava a outra mais bonita. Ela me fez um bem enorme, do tamanho da falta que faz agora. E talvez por não ter chorado ao me despedir dela no aeroporto essa madrugada, estou com a saudade entalada na garganta, que não me deixa dar mais que um sorrisinho sem graça pra quem chega fazendo graça comigo.
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Eu já disse isso tudo a ela, ela já sabe que vou morrer de saudade, que ela é, provavelmente, a amiga mais leal que já tive até hoje, que ela me faz querer ser uma pessoa melhor, que eu a amo demais, mais do que uma irmã. Mas eu quis escrever, pra ver se as lágrimas finalmente vinham, essas minhas lágrimas, sempre tão carregadas de tudo. Não vieram.
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Eu sou chorona de despedidas, e amante delas. Acho que elas têm que acontecer, pra que a última lembrança que se tem da pessoa, se for mesmo a última vez que se vê, seja a de um abraço, um beijo, um "tchau, mas volte logo". Um "eu te amo" esperado por tanto tempo, algo assim. É deprimente sair sem se despedir, pensar que a última coisa que você disse pra aquela pesoa foi "me dá um copo d'água", "tá, agora deixa eu usar o computador", sei lá. Não falo aqui de despedidas eternas, embora se aplique também. É mais de alguém que só vou ver daqui a 1 ano, e mesmo assim, morro de saudade. Não disse nada a Lídia na hora de ela entrar no embarque, porque tudo já tinha sido dito. Dei só um abraço que é só de nós duas. E valeu.

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e a gente se divertiu.
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(soundtrack: Rob Thomas - Time After Time)

sábado, 17 de fevereiro de 2007

Beatles e vida pregressa

Ultimamente, me bateu um surto de baixar músicas do Barão Vermelho. Eu tenho isso de vez em quando, me empolgo com uma banda, escuto exaustivamente, e depois enjôo, deixo as musiquinhas lá, esquecidas numa pasta. Pois então, nunca escutei muito Barão Vermelho, só conhecia aquelas músicas que já estão no subconsciente dos brasileiros da geração pós-Cazuza. Mas depois que vi uns flashes do show deles no morro da Urca, achei o som gostosinho e resolvi procurar mais. Percebi uma coisa: eles têm uma enorme influência dos Beatles. Aí pensei: por que será que gostei assim de Barão vermelho? E por que Franz Ferdinand é legal? E por que o som de Oasis me envolve tanto? E por que gosto de Weezer? E por que será que eu curto tanto essas bandinhas inglesas/escocesas/irlandesas?
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Rrrrrrrrrespóoosta! Tem dedinho dos garotos de Liverpool nessa história toda, mesmo sem eles saberem. De vez em quando me pergunto se algum dia eles souberam que seriem tão importantes na música do mundo todo, e o que Lennon ia achar de milhões de jovens que nunca nem escutaram um vinil usando oclinhos redondos e camisetas com a foto dele, e cantando All You Need Is Love. Ou dos milhaaaaares de covers (falando nisso, sabiam que Sérgio Britto, do Barão Vermelho, tem sua própria banda cover dos Fab Four? Pois é pois é pois éeee, Os Britos, que tal?). Não vou dizer que sou fã de carteirinha, porque não conheço todas as músicas, nem escutei todos os álbuns - na verdade defendo a teoria que diz que nenhum álbum é bom 100%, portanto vale mais à pena garimpar as músicas uma por uma, que é bem mais divertido e demora mais pra enjoar - , mas reconheço um verso deles de longe, percebo quando uma banda se inspira no nas coisas que eles inventaram, e na verdade isso é bem engraçado, porque tem gente que abre o bocão pra dizer que tomou como referência os Beatles só pra parecer cult. Tenho mesmo um fascínio por essas músicas que foram feitas 40 anos atrás e continuam sendo boas de escutar, cantar junto e dançar (é. Incrivelmente, eu tenho vontade de dançar). E são antológicas, e todo mundo conhece, um pouquinho de nada que seja. Quase fui ao delírio quando escutei riffs de Here Comes The Sun numa versão de Quando o Sol Bater na Janela do Teu Quarto que o Barão Vermelho gravou. Genial. Fiquei com vontade de sair perguntando pra todo mundo se alguém percebeu isso. Se algum dia meu projeto de ter uma banda de rock se concretizar (está no mesmo pé do projeto de aprender dança de salão e de tirar carteira de motorista), vai ser uma sucessão de tributos bem-humorados aos Fab Four, porque eles são os caras. Cheers to them! \o/ h, by the way, meu aniversário tá chegando, e um presente interessantíssimo seria a Antologia dos Beatles, que aí eu virava fã de verdade. Ou uma camiseta. Ou uns oclinhos redondos...
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Falando nisso (não tem nada a ver), não é segredo por aqui que eu adoro listinhas. Já estava sentindo falta de escrever em tópicos quando, por coincidência, vi uma coisa no blog da Camila (mais recente visitante deste humilde espaço). Era uma lista de 101 coisas aleatórias sobre ela, e eu adorei a idéia. Mas como sou muito influenciável, e como acabei descobrindo muitas coisas aleatórias em comum, resolvi fazer diferente. Então here, ladies and gentlemen, a pequena listinha de 101 coisas aleatórias que eu já fiz:

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1. já vi o sol nascer, e já o vi se pôr, completamente boba com a beleza dos espetáculos.
2. já me roubaram um beijo.
3. já fiquei me olhando no espelho com as roupas e as maquiagens de minha mãe.
4. já fiz trabalhos de escola divertidíssimos.
5. já passei pesca pra a turma inteira pelo celular, numa operação conjunta de muita audácia do meu querido 2º ano.
6. já quis ser bailarina.
7. já quis ser mãe de 40 filhos.
8. já li Capricho escondido, e fiz os testezinhos "pra saber se ele gosta de mim".
9. já guardei (ainda guardo) nas minhas agendas muitas coisinhas inúteis.
10. já chorei de saudade, de nervoso, de felicidade, de medo, de tristeza profunda.
11. já tive inveja.
12. já quis usar aparelho.
13. já acompanhei uma novela inteira.
14. já acreditei em amor à primeira vista.
15. já brinquei de ser todas as princesas da Disney.
16. já roubei jogando Banco Imobiliário.
17. já olhei pelo buraco da fechadura.
18. já me surpreendi com coisas que escrevo.
19. já dormi com minhas lentes de contato, e acordei morrendo de medo de ter ficado cega por essa inconsequência.
20. já fui CDF. quer dizer, já fui mais CDF...
21. já roí unha.
22. já tive chiclete grudado no cabelo, e logicamente, cortei o cabelo sozinha pra consertar o estrago.
23. já me entreguei de braços abertos a muitos banhos de chuva voltando pra casa.
24. já apareci na televisão.
25. já tive certeza de estar fazendo a coisa certa.
26. já tive certeza de estar fazendo a coisa errada.
27. já vomitei em cima de minha mãe.
28. já passei raiva com filme ruim no cinema. E pior ainda: com filme dublado no cinema.
29. já briguei com pessoas que amo muito, e na maioria das vezes, a culpa era minha.
30. já brinquei de pular elástico.
31. já tive piolho.
32. já fiz listinhas de nomes pra os filhos que vou ter um dia (não 40, pelo amor de Deus!).
33. já esqueci recados importantíssimos.
34. já toquei o hino nacional pra uma platéia enorme.
35. já tive (muitas) despedidas tristes.
36. já tive que decidir sozinha o que fazer da vida.
37. já tentei dirigir.
38. já me achei a pessoa mais perversa da face da terra.
39. já imaginei meu casamento com umas 3 pessoas diferentes.
40. já fiquei sem dormir de felicidade, de tristeza, de ansiedade pelo outro dia, de simples insônia, terminando trabalhos da faculade e tendo conversas agradáveis.
41. já participei de guerras de giz e bolinhas de papel.
42. já quis que o dia não terminasse.
43. já quis que o dia nem começasse.
44. já fui fã de Sandy e Junior (me matem depois dessa).
45. já levei (muitas) quedas na frente de todo mundo.
46. já quis ter nascido em outra família.
47. já tive ataques de riso na hora errada.
48. já tentei tirar foto da lua cheia.
49. já escrevi coisas que não mostro a ninguém.
50. já fiz gol contra.
51. já pensei que ia passar logo, e já pensei que não ia passar nunca.
52. já me jogaram na piscina.
53. já treinei beijo no espelho.
54. já deixei a raiva tomar conta de mim, só pra não sentir mais aquele amor imenso e torturante por alguém.
55. já decorei as falas de um filme inteiro.
56. já errei de janela no msn.
57. já me fantasiei de oncinha pra uma peça de escola.
58. já me vesti de anjo pra uma peça na igreja.
59. já assinei chamada pros outros, e já assinaram chamada pra mim.
60. já li um livro inteiro no sofá branco da Livraria Cultura.
61. já acordei com o rosto todo melado de pasta de dente, e obviamente fui me vingar depois.
62. já me senti totalmente fora d'água.
63. já participei de cantorias em ônibus de excursão da escola.
64. já escrevi em diário.
65. já tive vários blogs que não sobreviveram.
66. já perdi a hora dormindo.
67. já perdi o ponto do ônibus lendo.
68. já imaginei um milhão de vezes o que minha vida seria agora, se eu tivesse feito outras escolhas.
69. já fiz pessoas felizes, mesmo que por um tempo mínimo.
70. já amaldiçoei com todas as minhas forças o fato de usar óculos, na hora de um beijo.
71. já fingi que estava prestando atenção.
72. já fingi que não sabia o que estava acontecendo.
73. já tive um cágado, vários peixinhos de aquário, dois periquitos, um hamster, uma dálmata e Mel, de quem morro de saudade.
74. já peguei o ônibus errado.
75. já ganhei ingresso de cinema de grátis.
76. já assisti o mesmo filme 3 vezes no cinema.
77. já levei um fora, e dei vários também.
78. já desisti de certas coisas sem saber exatamente o motivo.
79. já fui pra a faculdade fazer nada.
80. já cometi gafes horríveis.
81. já rebolei em cima de uma cadeira dançando I Will Survive.
82. já misturei vinho branco com suco de uva de garrafinha, porque odeio vinho branco e quria que ele virasse vinho tinto.
83. já fui loira.
84. já paguei micos indescritíveis por causa de uma foto.
85. já morri de raiva, de amor, de saudade, de tristeza, e acabei descobrindo que sou uma das pessoas mais intensas que conheço.
86. já quis desesperadamente voltar pra casa.
87. já tive ímpetos de brigar feio com Deus por não ter as coisas que eu queria.
88. já assisti o mesmo filme mais de 20 vezes.
89. já passei um dia inteiro (talvez tenha passado outros dias, não lembro) sem comer nada sólido.
90. já fiquei séculos sem escutar uma música com medo das lembranças que ela poderia trazer.
91. já comi uma barra de chocolate inteira de uma vez.
92. já me machuquei fazendo trabalhos de faculdade (cortes, pequenas queimaduras etc), e tenho o maior orgulho das marquinhas que ficaram.
93. já estraguei roupas boas quando me meti a costurar.
94. já fiz palhaçadas com um ursinho inflável no Atacado dos Presentes, só pra aparecer.
95. já desisti de tentar manter viva uma amizade que não tem muito pra onde ir.
96. já enrolei pra caramba tópicos de listinhas.
97. já ganhei um prêmio.
98. já amei muito.
99. já copiei letras de música na agenda. Ainda faço isso ultimamente, mas de um jeito bem peculiar.
100. já desejei ter um namorado fofo que me mimasse completamente, mas quando ele ameaçou aparecer, percebi que o que eu quero é justamente o contrário.
101. já descobri que estou exatamente onde devia estar.
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E me digam se acharam chato essa coisa de listinhas, que eu sei que tem gente que nem lê. Mas se quiserem, tem mais (na verdade, mesmo que todo mundo ache um saco, tem mais): 101 desejos, 101 coisas que não fiz, 101 lugares que quero conhecer, 101 top filmes, 101 dálmatas...
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sim, isso foi num local público.
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(soundtrack: U2 - Beautiful Day)

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

fútil, fútil (ou não)

Fernando "Justin" saiu hoje da casa do Big Brother, com 78% dos votos, num paredão que bateu recorde de público (mais de 41 milhões de bestas votaram), contra Diego "Alemão". É incrível a capacidade que as pessoas têm de inventar apelidos. Aí um monte de gente diz: que programa idiota, que perda de tempo na frente da televisão!! E eu concordo, em parte. Fico, sei lá, meio com vergonha de dizer que assisto... mas enfim, assisto, porque é muito interessante observar a vida alheia (no sentido voyeur da palavra mesmo), ver dramas que não são os meus, torcer - e eu sou muito besta de torcer, porque não voto - , imaginar como seria que fosse comigo, maldizer a estupidez do povo brasileiro e admirar a genialidade de quem inventou isso de trancar num sei quantas pessoas num aquário de luxo e ver o que acontece, como a gente faz com dois peixinhos beta (um sempre é assassinado pelo outro, porque eles não conseguem conviver pacificamente).


Mas voltemos ao Justin (a propósito, na minha opinião, ele é mais bonito que o Timberlake). Nem sei se estava torcendo por ele, porque eu gosto mesmo é de ver intriga (má? Imagiiiina!), mas fui com a cara dele desde que comecei a assistir. Claro, é um belo exemplar de homem, inegavelmente. E olha que nem sou tão chegada naquele tipinho bombado-que-não-tem-o-que-fazer-e-passa-o-dia-malhando. Esses têm um ar meio invencível e por tabela, meio machista. Mas eu gosto de ver os detalhes. E o que finalmente me fez pensar "poxa, esse cara é um pãaaaaaaao (pra usar um termo mais interessante do que "gato", "lindo" ou "pedaço-de-mau-caminho")!" foi uma coisa boba: os óculos. Sim, por trás do playboy cheio de tatuagens e bíceps que as comportam muito bem, existe (vejam só!) um míope. Um defeitinho que o torna um pouco mais que um bombadinho marrento. Quase fofo. É como se ele tivesse o direito de ser tão impecável, porque tem algo que o torna igual ao outros mortais, e digno de estar entre eles. Os óculos e a impressão de ele ser baixinho (não é), e a flor que ele deu pra a namoradinha da casa, Flávia, na hora de ir embora. Aquilo foi fofo e romântico, o que dá a entender que talvez ali dentro more um coração. Ou não. Provavelmente não. Whatever.


Mas ele - um ex-BBB, não tão inteligente nem tão relevante no jogo - mereceu um parágrafo inteiro escrito por mim, e isso sem dúvida é alguma coisa. Só pra dizer que, pelo menos pra mim, o irresistível são as imperfeições, as vulnerabilidades, os defeitinhos. As coisas que tornam uma pessoa palpável e desejável. E pensando no Justin, acabei de ver que é besteira minha querer ser perfeita. Tá, tenho bem mais defeitos, e bem menos desejáveis, que uma charmosa miopia. Mas até uma dessas eu tenho. E, sabem, estou aprendendo a gostar dos óculos meio tortos e do cabelo que nunca me obedece (talvez tenha um temperamento igual ao da dona, de nunca querer ser do mesmo jeito todos os dias), e do sotaque estranho que tenho cantando em inglês, e dos dentes incisivos um pouco maiores que o normal, e das unhas irritantemente moles... vamos ver quando é que vou me aceitar inteira.

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porque senão, não era eu.


(soundtrack: Jorge Drexler - Al Otro Lado del Río)


off the record:

O motivo pelo qual estou aprendendo a gostar dos óculos meio tortos não poderia ser mais elementar: minha lente do olho direito, minha queridíssima lentezinha verde que fazia meu olho direito parecer muito maior e mais expressivo, minha lente que me acompanhou por 2 anos e meio, sobrevivendo a quedas, arranhões, noites esquecidas no olho e quase-desaparecimentos no banheiro, desceu pelo ralo enquanto eu tomava banho, Pronto. Mais nada a declarar, porque foi uma perda traumatizante. Snif...


off the record #2:

Happy Valentines Day!!! Sei lá, por causa das aulas de inglês, todo dia 14 de fevereiro eu lembro das festividades românticas dos Estados Unidos. Bobeira de quem passou a infância assistindo Sessão da tarde... me vêm logo na cabeça aquelas imagens de túnel do amor, rosas anônimas entregues na escola, bilhetinhos melosos cor-de-rosa e garotinhas de 13, 14 anos sonhando com o namorado, agarradas no ursinho de pelúcia que ele deu de presente exatamente hoje. Quem sabe eu inda sou uma garotinha...

sábado, 10 de fevereiro de 2007

sundown

Hoje passei a tarde na praia de Boa Viagem. Uma das raras vezes que vou à praia pra não tomar banho, e fico muito tempo. E deu aquela saudade das minhas praias de água fresquinha, areia fina, milhões de conchinhas e ninguém por perto num raio de muitos quilômetros, muito menos os famigerados tubarões que costumam aparecer por aqui.
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A praia da Avenida, ao alcance da vista, a dois quarteirões de distância, onde eu levava Mel pra passear, e ela adorava. E ficava molhada cheia de areia até os ossinhos. E eu nem ligava pra o trabalho de dar o banho e desembaraçar o cabelo dela, porque ela ficava feliz.
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A praia do Cristo, sem ondas e cheia de caiaques, lanchas de turistas e crianças com bóias de bichinhos. Essa era só pra refrescar depois de uma manhã bem muito quente, e era meio misturada com água doce, por causa do rio Cachoeira, que desemboca no mar.
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As praias do Sul, cheia de pedras e aventuras nas pedras, e um ouriço-do-mar de vez em quando. Pedras que eu adorava subir com meu pai e Kiko, só pra dizer que conseguia e não tinha medo. E aposto que minha mãe ficava com o coração na mão, com medo de eu me cortar com algum pedaço de concha.
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A praia dos Milionários, com cabanas enormes, som enorme, turistas enormes, preços enormes e uma quantidade enorme de vendedores de seja-lá-o-que-for que dá pra vender na praia: tatuagem de henna, amendoim, camiseta, chapéu, óculos de sol de 10 reais, brincos de concha, camarão no espeto, água de côco, rede, enfim... gostoso era o mar, pra passar um tempo olhando e depois cair com gosto, sem medo. Porque só o que não é enorme lá são as ondas.
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A praia perto do hotel Jubiabá, tão frequentada pela família, que tinha ondas boas que eu adorava esmurrar. Até hoje adoro o cheiro de Sundown e a lembrança de toalhas e cangas estendidas no banco de trás do carro, onde normalmente ia muito mais gente do que o permitido, e a pele ardendo, mesmo com todo o Sundown, inexplicavelmente...
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A praia do Siri (nem lembro se o nome é esse mesmo), onde meu avô me levava, nas suas loooongas caminhadas de outros tempos... a lembrança que eu tenho é da imensa concentração de conchinhas na areia, que me rendiam o boné de meu avô cheio delas no fim da manhã. E ele o tempo todo passando protetor solar e rindo. E a moqueca de peixe de Zena depois, no almoço.
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A praias sem nome certo, que a gente levava os hóspedes que ficavam lá em casa. Deliciosas, não só por elas, mas pela companhia. E pela certeza de comer um monte de caranguejos depois, e de um sono gostoso, cansado, de tarde. Minha mãe era uma anfitriã muito previsível...
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A praia de Serra Grande, que de quebra tinha uma casa, com toda a estrutura característica de casa-de-praia (colchões velhos e mofados, muitas esteiras, insetinhos, chuveiro frio e forte, cheiro de maresia), pra passar os fins de semana. Era a parte boa do fim-de-semana. E as visitas iam pra lá também, lóoooogico. Eu lembro vagamente de ter tido um aniversário meu por lá, acho que o de 12 anos.
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E todas as outras infinitas praias de Ilhéus, que de cabeça não dá pra lembrar. De vez em quando eu acho incabível que Recife, desse tamanho, só tenha uma praia urbana semi-frequentável. não me acostumo com a idéia de viajar 2 horas pra chegar num lugar que dê pra cair no mar, catar conchinhas, fazer castelos, farofar, enfim, todas essas coisas de praia. Agora entendo as famílias de filmes, que vão à praia cheias de malas, sacolas, cadeiras, apetrechos pra passar só um dia. Só lembro mesmo da canga enorme de minha mãe, do Sundown e, de vez em quando, uns óculos de sol.
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Sei lá, vou ter mesmo que me acostumar com Boa Viagem. Mas sabem que foi legal? Também, aquela penca de doidos estudantes de design (eu inclusa, obviamente) faz qualquer programa de índio ser divertido, mesmo que seja ir a uma praia impossível de tomar banho, sem trajes apropriados, sem grana pra coisas de praia e o pior: sem Sundown. E entrar na água até o joelho, molhando saia e tudo, e depois ficar à milanesa, com areia até os ossos, que nem Mel. Só quero saber onde foi passear minha sanidade mental.
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(soundtrack: Corinne Bailey Rae - Choux Pastry Heart)

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

só hoje

Hoje consegui cumprir minha cota de 5 ou 6 mil palavras ditas.
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Hoje lembrei de novo como é bom ler algo não-didático e não-obrigatório, mesmo quando tinha coisas extremamente didáticas e obrigatórias pra fazer. E dei boas risadas, completamente sozinha. Tinha esquecido como isso é bom.
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Hoje quase matei aula pra participar de uma oficina de dança de salão que estava acontecendo na sala de dança - é, o CAC tem uma sala de dança, igual àquelas de filme! Cada dia descubro um lugar novo naquele labirinto de concreto, é fascinante - , mas não tive coragem. Nem de levar falta na aula nem de me arriscar a dançar.
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Hoje tomei suco de manga de verdade. Não de polpa de manga, mas de manga mesmo. Até meio azedinha. E me fez sentir meio criança de novo, quando costumava catar as mangas maduras que caíam e lutar com elas até só sobrar o caroço cheio de fiapos.
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Hoje percebi que não sou um completo desastre na arte de criar um produto (ops! Design não é arte, é planejamento!! E se eu esquecer disso, não vai ser naaaada bom), e que minhas idéias medíocres não são muito piores que as idéias também medíocres de alguns colegas meus. Claro que morro de inveja de quem inventa uma coisa genial e absurdamente necessária, e que a gente pensa como ninguém teve essa idéia antes, mas de vez em quando tenho que parar de dar passos maiores que a perna - e unfortunately, não sou nenhuma Ana Hickmann.
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Hoje descobri que estar na faculdade faz um bem enorme pra minha saúde. Sei lá, acho que só estava me sentindo carente e sozinha, querendo conversar com alguém ao vivo. Odiei o último fim-de-semana. Eu não costumo odiar fins de semana...
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Hoje lembrei, olhando a foto 3x4 da carteira de estudante, que engordei um bocadinho desde que vim morar em Recife. E, bem, fiquei melhor.
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Hoje vi um filme de Almodóvar. Um filme cuja sinopse soaria bem vulgar, e até meio com cara desses filmes que mocinha decente não assiste ("E novamente Almodóvar consegue nos convencer com suas histórias absurdas. Exemplinho: a freira grávida de um travesti que está morrendo de AIDS"). Mas era um Almodóvar puro-sangue: colorido, sensível, latino, com uma trilha sonora perfeita e envolvente e com toda a reverência que o diretor sabe prestar às mulheres. Ele nos entende (claro que entende, ele é gay, dãaaa!). Tudo Sobre Minha Mãe. E o melhor de tudo é que foi na telona, com um bocado de gente realmente interessada em assistir, e rindo nas horas certas - não sei se já mencionei aqui que eu adoro idas ao cinema, porque, de alguma forma, acontece uma empatia entre as pessoas que estão ali, de rir e se emocionar junto, e eu me sinto mais próxima dos outros espécimes humanos ao meu redor, and it feels good -. E o melhor de tudo é que foi de grátis, graças ao meu interesse nada comum pelos cartazes de coisas culturais espalhados pelo CAC, e à imensa vontade que estava de assistir a um Almodóvar. E à força de vontade de ir, mesmo estando meio sem graça e com dor de cabeça. E à boa companhia de Karina, que sabia onde era o Instituto Joaquim Nabuco. Estou doida pra ver Volver.
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Hoje dei graças a Deus por todos os sinais fechados que peguei indo de volta pra casa no ônibus. Explicação: enquanto esperava o saudoso CDU-Várzea, tive a brilhante idéia de abrir o esfarofado pacotinho de biscoitos integrais - ou comida de passarinho, como um colega meu de escola costumava chamar - e a intenção era mesmo de comê-los. Exatamente na hora em que ia pôr um pouco daquela farofa na boca, chegou o ônibus, invariavelmente lotado, e sim, tive que ficar segurando o pacotinho numa mão, enquanto tentava, com a outra, segurar meus cadernos e me agarrar em algum lugar pra não cair estatelada no chão e arrancar risadinhas e olhares de piedade dos passageiros. Quer dizer, pensando bem, nem tinha pra onde cair, porque o tijolo demográfico estava mesmo compacto hoje. E pensando bem, de novo, podia ser que algum príncipe encantado, me vendo ali, completamente vulnerável, segurando pateticamente minha comida de passarinho, percebesse a oportunidade perfeita pra se aproximar e mostrar que era perfeito pra mim, e que sim, podia passar o resto da vida comigo. kkkkkkkk! Viajei agora... mas enfim, não caí, por causa dos sinais fechados, que me deram tempo e condição de soltar a mão de onde quer que ela estivesse agarrada, pra ajudar na difícil tarefa de comer os biscoitos.
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Hoje lembrei como o centro de Recife é bonito à noite. E senti saudade.
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Hoje eu estava estranhamente risonha. E meu cabelo, com uma ajudinha do vento, deu a impressão de enfim estar no lugar certo (engraçado,ainda parece estar, mesmo depois do banho, e de não ter sido penteado). Queria que ele estivesse assim quando eu precisasse impressionar alguém, porque uma das minhas maiores fontes de insegurança é esse cabelo que não me obedece nunca.
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Hoje vi a lua. Gosto dela cheia, mas hoje estava grande e bonita, bem no comecinho do quarto minguante. Eu amo a lua.
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Hoje nem parece uma segunda-feira...talvez tudo isso signifique que a terça tenha que ser um dia horrível. Então, pelo menos eu aproveitei. E registrei. Sei lá, foi um dia comum, mas eu senti que estava vivendo, e só isso já basta. Tenho que aprender a tornar cada dia único assim.
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Hoje estou feliz, e nem sei se tenho mesmo todos os motivos. Só sei que não estava condicionada a ninguém nem a coisa nenhuma. Que bom.
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(soundtrack: Legião Urbana - Tempo Perdido)'

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

enfezadinha

Só penso em comer coisas de chocolate até estourar. tenho que me controlar pra não acabar com os bolinhos que estão no armário, porque eles têm q'ue durar pelo menos até o fim da outra semana. Comer até me sentir incrivelmente gorda e horrível. quer dizer, horrível eu já me sinto, passei o dia todo assim. só com vontade de comer e dormir. Dormir não, sumir. Estar em outro lugar que não seja esse apartamento, essa faculdade, esse planeta. como mamãe diz, "pára o mundo que eu quero descer!". Hoje enchi o saco de tudo. De madrugar fazendo trabalhos no photoshop, de procurar uma roupa pra ir pra a faculdade, de colocar as lentes de contato todo santo dia, de contar dinheiro, de ter que desenhar um produto que nunca vai ser lançado no mercado, e pior: de ter que me virar pra construir um protótipo dessa porcaria. De amarrar o cadeado da bicicleta, que eu ainda não peguei o jeito de saber como é que prende sem passar segundos preciosos rodando, de arrumar a malinha pra ir pra Aldeia todo final de semana, de minhas unhas quebrando eternamente. Do meu cabelo que acorda todo sem jeito, de ter que penteá-lo e mesmo assim ele nunca ficar certo. De minhas pernas nunca pararem de coçar por causa dessa maldita alergia - e parece que piora quando fico assim. De todas as músicas que tem nesse computador, que me enjoam, dessas malditas aspas que insistem em invadir tudo que eu digito. De ter que anotar tudo na agenda, pra não esquecer. Até as coisas que eu sinto. De me preocupar tanto com esses malditos trabalhos, e estar sendo tão cdf, de não sair de casa simplesmente porque não tenho ânimo. De não ver o mar, de mal ver o céu de vez em quando. De ser tão impotente pra certas coisas... Estou com saudade de dias intensos, os meus têm sido tão iguais ultimamente! E pra completar, comecei a chorar lendo umas besteiras aqui. No fundo era bem isso que eu queria fazer mesmo, me esvair em lágrimas.
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Traduzindo: TPM.

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off the record: terminei de ler O Caçador de Pipas esse final de semana. O livro é cativante, emocionante, lindo. Lógico, é de amor. Não o amor que todo mundo imagina que seja, mas é amor sim, e como. Me deixou um tanto deprimida, porque o final não é feliz. Não é triiiiiiiste também, mas não é feliz. Eu já comentei aqui que gosto mais de começos? Pois é. É o tempo que o autor tem pra cativar quem lê, por isso é a melhor parte. Me deu um medo de ser como Amir, egoísta e covarde, apesar de extremamente sentimental. Eu não sou o tipo da pessoa que tem sempre as melhores intenções. É um livro que deixa espaço pra pensar. Tem muita história do Afeganistão também, mas sinceramente, eu não estava nem aí pra isso. Não sabia que lá tinha pés de morangos e cerejeiras, e que um dia foi um país. Aprendi ainda umas palavras: tashakor, agha, jan, baba, etc etc etc. Vão ler pra saber o que significam. Recomendo mil vezes.

(soundtrack: Damien Rice - The Blower's Daughter)