segunda-feira, 30 de julho de 2007

coisa de fã

Era já de se esperar que eu respirasse Chico, depois de todas as preciosidades que mamãe mandou semana passada. Daqui a pouco, já vou poder dizer que realmente conheço meu amor. Aí ontem, durante minha hibernação fim-de-semânica, vou assistir O Futebol. E descobri, lá pelo meio do filme, a música perfeita pra abrir o show Carioca. Não, não quero dizer que foi ruim a escolha das músicas, nada disso. Até porque foi emocionante ouvi-lo cantar Voltei a Cantar, de Lamartine Babo. Mas de um jeito ou de outro, como toda boa fã, senti falta de muita coisa. E a música não era dele. Essa que eu achei é. Só imaginei a cortina subindo e as luzes acendendo, na parte que diz "acenda o refletor, apure o tamborim". Perfeito. Alem do quê, essa música é de um otimismo incrível, exatamente o que eu estava precisando nesses dias atropelados em que tudo parece estar perdido (ooooh, que drama!).

Chico me inspira. E pelo menos dessa vez, a inspiração ultrapassou as palavras e as paixõezinhas, e vai dar em algo que preste. Estou tentando convencer minha dupla do trabalho de serigrafia a fazermos um cartaz pra a peça "O Grande Circo Místico", de Chico e Edu Lobo. Quem dera fosse de verdade, e que o espetáculo fosse mesmo entrar em cartaz. Mas esse projeto gráfico me deu mais prazer do que qualquer outra coisa poderia no momento.
Então, deixa ele cantar.
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Pensou que eu nao vinha mais, pensou
Cansou de esperar por mim
Acenda o refletor
Apure o tamborim
Aqui é o meu lugar
Eu vim

Fechou o tempo, o salão fechou
Mas eu entro mesmo assim
Acenda o refletor
Apure o tamborim
Aqui é o meu lugar
Eu vim

Eu sei que fui um impostor
Hipócrita querendo renegar seu amor
Porém me deixe ao menos ser
Pela última vez o seu compositor

Quem vibrou nas minhas mãos
Não vai me largar assim
Acenda o refletor
Apure o tamborim
Preciso lhe falar
Eu vim

Com a flor
Dos acordes que você
Brotando cantou pra mim
Acenda o refletor
Apure o tamborim
Aqui é o meu lugar
Eu vim

Eu era sem tirar nem pôr
Um pobre de espírito ao desdenhar seu valor
Porém meu samba, o trunfo é seu
Pois quando de uma vez por todas
Eu me for
E o silêncio me abraçar
Você sambará sem mim
Acenda o refletor
Apure o tamborim
Aqui é o meu lugar
Eu vim

(soundtrack: Chico Buarque - De Volta ao Samba)

domingo, 22 de julho de 2007

dia bom, dia ruim

Não entendam mal o fato de a parte boa ser pequenininha e a parte ruim ser maior. Tamanho não é documento, estou mais feliz do que triste. É só que a parte ruim rendeu mais detalhes....
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parte boa:
Sexta foi dia do amigo, e amigos importantes mostraram que existem. Em especial Swanne, que tomou conta dos meus trabalhos até eles secarem, ajeitou, colocou as etiquetas e entregou a Cloves no fim da tarde, quando eu já estava no alemão. Ela é um amor. A música da trilha de Toy Story, "You've Got a Friend in Me" ficou na cabeça o dia todo. Além disso, meu scrapbook - que só vi hoje - não ficou lotado de recados sem propósito, e minha caixa de emails foi poupada dos .ppts (seráaaaaa que ando meio ausente da net?), o que foi simplesmente uma maravilha.
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Estão em meu poder os 12 devedês (isso mesmo, dozeeeeeeeee) da coleção de documentários de Chico meu amor. Além da discografia completa dele, incluindo aí a playlist do show inesquecivelmente memorável que eu tive a felicidade de assistir. Isso significa pelo menos 50 horas de música e voz pra sustentar meu vício. E mamãe mandou mais um monte de coisinhas carinhosas, que só me deixaram com mais saudade. Eu diria que a melhor de todas foi a cartinha, escrita à mão e tudo, mas seria mentira, porque o melhor mesmo foi o suprimento vitalício de Chico. Pra completar, o Brasil ganhou ouro no vôlei de praia, e eu vi tudinho. Apesar de não estar tão empolgada com o Pan, adoro vôlei, e foi um jogo bonito. E as brasileiras dão de 10 a zero nas cubanas, não só no jogo, mas no corpitcho também. Nunca tinha visto atletas com barriguinha (provavelmente de cerveja, só pode) antes de hoje. E a postura daquelas duas, peloamordedeus, nem parecia que estavam brigando por medalha! Enfim, Brasil ganhou, fiquei feliz.
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parte ruim:
fui assaltada em Boa Viagem, por um pivetinho em quem eu poderia muito bem dar uma mãozada, pra usar a linguagem dos nativos daqui. Ou seja, já posso ser considerada cidadâ recifense, iupii!. O moleque me abordou enquanto eu esperava abrir o sinal pra atravessar a rua, e eu nem ouvi quando ele disse "passa o radinho ou eu te furo toda" da primeira vez, porque o cara do REM tava cantando muito alto. Imitation of Life, se não me engano. E na fração de segundo entre o pirralho falar e eu tirar os fones de ouvido, deu pra pensar:
*que o que ele segurava embaixo da camisa podia ser tanto uma faca quanto uma caneta esferográfica, e eu não ia pagar pra ver.
*que ele podia tentar puxar a mochila que eu levava nas costas, caso eu não desse o radinho. Com celular, 2 cartões de crédito e o do banco, e o pior: os devedês de Chico.
*que o outro pivete, maior e mais mal encarado, que estava do outro lado da rua, podia estar com ele, e querer fazer alguma coisa séria comigo caso eu não desse o radinho.
*que o trabalho de Design e Meio-ambiente, que eu estava levando pra imprimir no shopping, estava dentro do radinho.
*que o tom de verde da camiseta do moleque era muito anos 90.
*que alguma das 4.87325 pessoas que estavam na parada de ônibus, logo ali, podiam tentar me ajudar de alguma maneira, mas todas eram tabacudas (vocabulário local, de novo, não quero ficar repetindo idiotas o tempo todo) o suficiente pra achar que aquilo era só uma conversa entre amigos no meio do cruzamento.
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(Tá, a parte da camiseta eu inventei agora. Mas eu realmente lembro do tom de verde). Não deu tempo de pensar em gritar, ou correr, ou tentar sair da situação de qualquer maneira menos idiota. Dei o radinho e o menino saiu correndo, na direção da praia. E eu saí correndo pro outro lado, pra a parada de ônibus. Pelo menos sentei antes de desabar naquele choro ridículo, mas mesmo assim foi uma cena... aff, não quero ser repetitiva, mas foi uma cena ridícula. Uma das pessoas que fizeram montinho em cima de mim pra saber o que tinha acontecido era uma moça que trabalhava num restaurante chinês ali perto. Logo, minha tarde terminou nos fundos do tal restaurante chinês, com um copo de água com açúcar numa das mãos, o celular na outra e um monte de pessoas indignadas, cada uma contando suas próprias experiências de assalto. Um cara, que pelo que eu entendi era policial, ainda saiu atrás do moleque, mas pra variar não deu em nada. Emocionante. Deus sabe quando vou ter dindin pra comprar outro radinho. Pelo menos Ele me protegeu de alguma coisa pior (lá vem a Poliana...). Alguém já falou uma vez pra a gente agradecer a Deus por não ser o assaltante. É difícil, mas faz sentido. O pirralho devia estar desesperado por uma cola, ou então fez o que fez obrigado por alguém realmente perigoso. Eu realmente queria que ele pagasse pelo que fez, porque a coisa mais horrível nessas horas é a sensação de impotência sua e impunidade do outro. Mas, com a vida que a criaturinha deve levar, vai receber o castigo que merece um dia na vida, se é que já não recebeu.
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E pronto. Tenho uma quantidade absurda de exercícios do curso de alemão pra fazer até amanhã. Mas hoje já é domingo, graças a Deus. Hoje dá pra ser preguiçosa e chicólatra, e é exatamente isso que vou fazer, assim que acordar no meio da tarde.
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by the way: domingo em alemão é Sonntag. Muito parecido com Sunday, ou "dia do sol", já que sol em alemão é Sonnen. Acho que vou me interessar um bocadinho por mitologia germânica/celta daqui a uns dias, assim que entrar de férias. Diz a lenda que Constantino, quando resolveu que o mundo todo tinha que ser cristão-ortodoxo, botou pra lascar nas crenças dos povos bárbaros. Matou gente, fez milhões de decretos, instituiu milhões de impostos pra quem não adorasse a Deus como ele queria. Mas entre outras coisas (a religião foi se adaptando confortavelmente a cada contexto), ele não conseguiu mudar o dia do sol, que entre as entidades da natureza, era a mais adorada pelo pessoal de lá. É até meio engraçado pensar que hoje os cristãos, católicos, ortodoxos, pentecostais etc, adoram a Deus no mesmo dia dedicado ao sol da mitologia pagã... mas enfim, isso explica porque o domingo das línguas latinas, inventadas depois e derivadas principalmente do grego, é tão diferente dos Sundays da raiz anglo-saxã. Tcharaaaam, Line Gilmore também é cultura! E eu juro que não olhei nada no google. E se tiver alguma besteira muito grande, pensem que pelo menos eu tentei dar uma de menininha culta. E corrijam, por favor.
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(soundtrack: Chico Buarque - Até Pensei)

quarta-feira, 18 de julho de 2007

in deutsch

Hallo, guten Abend!
Mein name ist Aline, und ich bin ein Design Studentin. Ich have kein (ou keine, fiquei em dúvida agora) Freizeit für meine Blog. Ich bin veeeeeeery (tá, ainda não me livrei completamente do inglês) müde.
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E aí, Georgia, fui bem? Desculpem o mau-humor em alemão. Semana que vem as aulas terminam, e meus dias fiam um pouquinho mais leves. Eu teria aproveitado mais se não estivesse tão ocupada com outras coisas. Mas tenho que reconhecer, o idioma é muuuuuito interessante. Verbos que se separam, letras maiúsculas no meio da frase, 3 gêneros para as palavras, enfim... pra quem estava de saco cheio de verbo to be, é um prato cheio.
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O resto da vida vai indo daquele jeito atropelado (dá pra ver pela frequência das postagens), quase já me acostumei. Mas essa semana li um livro, andei na praia e completei uma revistinha inteira de palavras-cruzadas, e não me perguntem como fiz tudo isso. Esse período vai ter um gosto de dever cumprido. By the way, não sei se já falei aqui, mas a vida agora é contada em períodos. E períodos muito tortos, diga-se de passagem. O dia, dessa vez, é 26 de agosto. Depois dele, de um jeito ou de outro, tudo já vai ter passado.
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(soundtrack: REM - The Great Beyond)

sábado, 7 de julho de 2007

me matem, eu li um livro de Augusto Cury

Eu gostaria de dizer que foi, num dia de bom humor, um esforço pra quebrar meu preconceito contra livros de auto-ajuda. Mas na verdade catei o livrinho porque as outras opções de coisas-pra-fazer-na-casa-de-vó-cheia-de-gente-barulhenta-no-fim-de-semana eram:
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a) ficar rondando a churrasqueira na espera por um espetinho de carne, ou b) ficar rondando o fogão à espera da panela de cobertura do bolo, ou ainda c) ficar rondando o escritório à espera de um computador desocupado.
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Como eu não queria nem engordar nem me stressar, fui ler, é claro. Um livro que não sabe se é romance ou auto-ajuda (eu sei: é auto-ajuda disfarçada de romance, e odeio quem não se assume), em que o protagonista é um alter-ego muito mal alter do próprio Augusto Cury: jovem estudante de medicina, idealista, sonhador, que fica chocado com a falta de sensibilidade que os médicos renomados têm com os cadáveres (!) e resolve desvendar a história de um deles, o Poeta da Vida (cof cof). Para isso se disfarça de indigente e vai viver nas ruas, tentando entender as personalidades brilhantes por trás dos doidinhos de rua e descobrir a verdade sobre o tal Poeta, que no fim das contas foi o médico fundador do Hospital das Clínicas, que perdeu a esposa e os filhos num desastre e enlouqueceu. Ops, estraguei o final... mas adivinhem só? Não quebrei nem um pouquinho meu preconceito contra livros de auto-ajuda. Continuo achando - e agora falo com conhecimento de causa - que só quem se auto-ajuda são os autores, que faturam milhões às custas dos traumas dos reles mortais que compram (e pior: dão de presente) esses livros cheios de frases feitas e filosofia de botequim. O tal médico-sonhador-idealista não se cansa de fazer propaganda de suas descobertas revolucionárias, do tipo todos os nossos atos têm consequências (jura?), e obviamente é malvisto pelo malvado-e-retrógrado-diretor-do-hospital, que não aprova sua maneira afetuosa e gentil de tratar os pacientes. É claro que no final o diretor-coração-de-pedra cai em si, pede desculpas e adota uma postura mais humana, bla bla bla.
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É impressionante como até um livro de auto-ajuda consegue ser tão maniqueísta. Mais impressionante ainda é o uso exaustivo de expressões como "palco da vida", "anfiteatro da mente", "cortinas do conhecimento". Acho que Cury na verdade é um ator frustrado... Aí me pedem pra dar um desconto, porque O Futuro da Humanidade (é esse o nome do livro, bem sugestivo, não?) é o primeiro romance dele, que provavelmente não tinha a técnica aprimorada que tem hoje pra escrever (cof cof). Mas Lauren Weinsberger foi jornalista por anos, e seu primeiro romance foi O Diabo Veste Prada. Que - além de ser deliciosamente irônico, demonstrar não técnica, mas naturalidade e provocar um divertidíssimo esforço imaginativo - é extremamente comercial, mas pelo menos assume.
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Não tenho nada contra quem gosta das pilulazinhas de otimismo barato, e não duvido que os conselhos realmente tenham algo que se aproveite. Tenho, sim, muita coisa contra quem vende as pilulazinhas querendo posar de salvador do mundo (e o pior é que meio mundo de gente considera o cara um gênio). Mas o que mais me irrita é uma criatura que não me conhece querendo me dizer o que fazer, como se a fórmula pra ter uma vida feliz fosse a mesma pra todo mundo, como se todas as pessoas fossem brinquedos de montar, todos com o manual de instruções igual. E só pra registrar, também odeio qualquer tipo de manual de instruções.
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e o melhor de tudo: digam se ele não é a cara do senhor Miyagi!
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(soundtrack: Beatles - All My Loving)

quarta-feira, 4 de julho de 2007

bad day

Não sei se já falei aqui do meu costume um tanto inútil de passar um tempo enorme olhando fotos, sejam elas antigas ou nem tanto. Acontece muito nas noites de insônia, quando tenho uma tonelada de trabalhos pra fazer mas o défict de atenção conspira contra. Ou quando estou triste, carente, sem graça, quando o choro não vem, apesar da vontade. Aí vejo e lembro de tempos em que eu não me vestia tão bem (não tem jeito, a gente sempre acha que se veste melhor agora do que antes), mas não tinha essas crises de cansei-da-vida com tanta frequência.
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Eu adorava meu cabelo cacheado, mas vai demorar um século se eu quiser ficar daquele jeito de novo. Não sei onde estava com a cabeça quando fiz a loucura de cortar, só pra provar pra aquele infeliz - e pra mim mesma - que eu não gostava mais dele nem me importava com qualquer coisa que ele pensasse, porque ele me disse uma vez (e eu nunca esqueci) que achava lindo meu cabelo comprido. Eu devia ter cacheado de novo, devia ter continuado romântica e linda, balançando meus cabelos perfeitos. Estariam batendo agora no meio das costas...
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Eu adorava meus olhos verdes de um ano atrás. O engraçado é que agora acho que não iam combinar mais comigo. Estão mais fundos, meus olhos, depois de tantas noites acordada, com ou sem motivo, e agora preciso dos óculos não só pra enxergar, mas pra esconder as olheiras de Vandinha Adams. Acho que não vou me livrar deles até o fim do curso, no mínimo.
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Eu adorava aquela correntinha roubada, de enorme valor sentimental e cheia de segundas intenções, pendurada no pescoço o tempo todo, em tantas fotos. Hoje olho pra ela e fico triste, mas não consegui deixar de usar. Foi do pescoço pro pulso esquerdo, pro pulso direito, e há uns 5 minutos voltou pro pescoço, como se eu quisesse voltar no tempo, pra quando eu era mais feliz e menos preocupada. Ou melhor, preocupada com coisas que valiam a pena. Se eu soubesse que ser gente grande era desse jeito, não sei se teria topado tudo tão fácil. O que me alivia é a certeza de que nada ia continuar do mesmo jeito, mesmo que eu fizesse de tudo pra prender as coisas e as pessoas nos seus lugares. Foi melhor ter mudado antes que tudo mudasse de mim.
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Não estou nos meus melhores dias. O tempo passa voando, e não lembro quando foi que sorri com gosto, ou que fiz algo que realmente mereça ser lembrado depois. Talvez seja a simples falta de registro que me deixa assim. Fotos mesmo (minha saudosa câmera se foi já há uns meses), ou as palavras soltas na agenda, que no começo do ano eu escrevia todos os dias. Só fico pensando que não é nada saudável viver de lembranças, que eu devia parar de me stressar tanto e fazer alguma coisa legal, mas não dá tempo. Estou muito ocupada ficando triste, sentindo saudade, querendo voltar, querendo que tudo se exploda (pra não dizer outra palavra mais feia), esperando acontecer algo que lá no fundo sei que não vai. Trash, eu sei. E o pior de tudo é que eu acho meus olhos lindos quando ficam assim marejados.
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rir era uma coisa assim espontânea
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(soundtrack: Cazuza - Vida Louca Vida)