segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

saudade não mata, engorda.

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Chegou o não tão esperado fim de férias. É sempre depois de um festão que todo mundo vai embora. E deixam a casa de vovó uma bagunça, e esquecem roupas, chinelos e escovas de dentes. Coisas quebradas, deixadas sem querer ou de propósito, fotos tremidas e fotos boas, e a sensação de que tudo podia ter sido bem melhor aproveitado. E todos ficam acordados até a madrugada que um vai embora, fazendo qualquer coisa, só pra poder ser o último a dar tchau. E pra quem vai embora curtir as últimas horas. Tem gente que se acaba de chorar por ter que voltar pra casa. Tem gente que entra rápido no carro só pra ninguém ver chorar. Tem gente que sabe que volta logo, e já vai com dia certo de voltar. Pela primeira vez, eu não sou nenhum desses. Eu fiquei, matando gente de inveja, hohoho (talvez se eu tivesse pensado nisso no ano passado, da última vez que fui embora, não chorasse tanto). Mas foi como se tivesse ido também. Juro que me vi de novo entrando às 3 da manhã no carro cheio de bagagens, travesseiros, bolsa térmica, pacotes de biscoito e chiclete. E olhando pra todo mundo que ficou pra se despedir, e chorando, e indo. Embora pra casa, depois de dois meses de folia e dias trocados com a noite, numa viagem cansativa de 14 horas. Não sei como dá pra sentir saudade disso, mas eu sinto.
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É incrível como fica vazio. Infinitamente mais vazio do que antes de chegar qualquer pessoa. Eu nunca acreditei que quem fica sente saudade, principalmente saudade de um monte de primos chatos que só fazem pirraçar, ocupar lugar no carro, me chamar de desastrada e disputar o pc de tia Abe comigo. Crap... Primeira vez que não choro, que não tenho que arrumar as malas, que não vou esquecer nada, e se esquecer, alguém leva pra mim no outro dia. Mas casa de vó não é igual em outubro e fevereiro, estranhamente.
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Agora, até o meio de novembro, a piscina vai ficar lá esquecida, a quadra de vôlei, os quartos que ficaram lotados e agora estão cheios de lençóis que niguém lembrou de dobrar. Vai demorar pra vovó tirar de novo do armário os mais de 50 pratos e copos extras, ou pra pedir ajuda das meninas com a louça depois do café. Tia Abe não vai mais regrar os pedaços de bolo, porque não tem mais quem pegue escondido. E a bola de futebol vai te que ser enchida todos os fins de semana, porque fica largada o resto do tempo. E a casa não vai mais estar acordada às 3 da manhã. E isso tudo não é melhor nem pior. É só outro tempo. Só até as próximas férias, só até todo mundo chegar, ocupar cada cantinho e disputar os travesseiros melhores.
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quando fevereiro chegar, saudade já não mata a gente
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(soundtrack: Travis - Writing to Reach You)