quarta-feira, 26 de setembro de 2007

às seis horas da manhã

Levantei meio atordoada na minha primeira manhã de volta à vida normal, e fui cambaleando, meio dormindo, até a cozinha fazer meu café. Antes de chegar no meio do caminho, escutei "A Rosa", de Chico, tocando em algum lugar perto. Era bom demais acordar com uma surpresa boa dessas. Nem pensei, abri logo todas as janelas e a porta da frente, pra a música entrar por todos os meios possíveis. Sim, eu estava de pijama.
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Parei, com o café numa mão e o pacotinho de biscoito na outra, e escutei por um tempo que não tenho idéia de quanto foi. Depois, fomos sentar no chão da cozinha, de costas pra a porta, eu e meu café, porque era o melhor lugar pra ouvir. Vi a cozinha de um ângulo totalmente novo, e tenho que fazer isso mais vezes - com a cozinha e com todo o resto. Por que não quero ser aquela que todo dia faz tudo sempre igual.
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Quem quer que estivesse ouvindo Chico naquele volume - que seria muito ofensivo à Boa Vizinhança se não fosse Chico - e naquela hora da manhã - que seria muito inoportuna se não fosse Chico - vai merecer pra sempre minha eterna gratidão. Não deu pra descobrir, mas parecia ser do mesmo andar que eu. Não era uma playlist convencional, a maioria das músicas tava mais pra o lado b, então deve ser mulher, porque as mulheres são incomparavelmente mais apaixonadas por Chico e tudo que tem a ver com ele. Se eu não fosse tão tímida e cheia de frescuras de comunicação com estranhos, teria tocado a campainha mais provável só pra dizer "obrigada por me deixar de bom humor tão cedo".
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E depois disso, o dia foi bom.
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(soundtrack: Chico Buarque - Subúrbio)