quarta-feira, 4 de junho de 2008

CDU - Várzea

Aquele dia no ônibus foi muito estranho, e alguns minutos depois eu senti que foi decisivo pra o que estava acontecendo. Eu não falava com ela há mais de um mês. Estávamos nos ignorando mutuamente com a maior classe do mundo, como duas pessoas que simplesmente não se conhecem. Um belo dia aconteceu de ela sentar do meu lado no ônibus, indo da federal pra a cidade. Eram poucos lugares vazios. Tudo bem. Ia ser uma meia hora longa, eu pensei.
...
Ela disse oi. E a gente começou a conversar amenidades, e coisas que aconteceram naquele meio tempo, do tipo "consegui um estágio", "tô procurando apartamento pra morar aqui perto", "meu iPod quebrou", "comecei a namorar", "coloquei 5 cadeiras esse período". Não tínhamos nenhuma disciplina em comum naquele período.
...
A gente tinha começado uma amizade que tinha tudo pra dar certo, menos os temperamentos. Um belo dia, brigamos feio (e é por isso que eu super desaconselho qualquer pessoa de fazer trabalho de faculdade com amigo). E eu não ia pedir desculpas. Nem ela. A amizade e todas as coisas em comum acabaram, desceram pela descarga mesmo. Eu viajei de férias, fiquei 3 semanas totalmente desligada de tudo o que dizia respeito à faculdade, inclusive esse pequeno problema. Quando voltei, não senti a menor vontade de "voltar" com ela. Ainda estava morrendo de raiva. E achei outros amigos. E continuei vivendo, muito bem, obrigada.
...
Mas naquele dia no ônibus, conversando com ela tão naturalmente, senti sim um pouquinho de saudade. Porque foi divertido o tempo que durou. Aí chegou a hora de ela descer, eu ainda ia ficar no ônibus. Nenhuma das duas tocou no assunto que nos fez brigar feio. Nenhuma das duas pediu desculpas. Eu não desci antes do que pretendia, só pra continuar a conversa. Não importava tanto.
...
Depois dessa meia hora de trégua no ônibus, voltamos a não nos falar com toda a classe do mundo. Pra o resto da vida, provavelmente.
...
(soundtrack: Wilco - Via Chicago)

off the record: estou tão sentimental e ultimamente. E lembrando de coisas passadas com uma facilidade enorme.