segunda-feira, 27 de novembro de 2006

dura na queda

Perdida na avenida
Canta seu enredo
Fora do carnaval
Perdeu a saia
Perdeu o emprego
Desfila natural

Esquinas, mil buzinas
Imagina orquestras
Samba no chafariz
Viva a folia
A dor não presta
Felicidade, sim

O sol ensolará e estrada dela
A lua alumiará o mar
A vida é bela, o sol, estrada amarela
E as ondas, as ondas, as ondas, as ondas

Bambeia, cambaleia
É dura na queda
Custa a cair em si
Largou família
Bebeu veneno
E vai morrer de rir

Vagueia, devaneia
Já apanhou à beça
Mas para quem sabe olhar
A flor também é
Ferida aberta
E não se vê chorar

O sol ensolará e estrada dela
A lua alumiará o mar
A vida é bela, o sol, estrada amarela
E as ondas, as ondas, as ondas, as ondas...

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Line Gilmore queria ser dura na queda. Queria que essa música fosse ela. Em vez disso, não sabe sambar, se derrete de chorar de saudade, e não consegue nem disfarçar, porque as lágrimas simplesmente rolam. Não consegue dizer não, só o que faz é ligar pra a mãe e pro pai pra resolver seus pepinos e é cheia de frescuras. Tem TPM, e o pior de tudo é que só sabe implodir num choro nervoso que nunca leva a nada. Se stressa com coisas que nem sempre estão além do seu alcance e de vez em quando (de vez em sempre) não entende que as coisas não podem ser perfeitas. A vida nunca vai ser do jeito que ela quer, e ela tem que se acostumar. Não consegue viver sob pressão, e nem com um mínimo de organização prática e racional das coisas. Queria estar de férias (já), porque não suporta a família toda relaxada e feliz e ela não. Queria um colinho. Queria estar apaixonada, porque só assim todos os outros problemas desaparecem em prol de um maior. Porque pra ela, paixão é sempre um grande problema.
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Mas seus dias bons são intensos. Aliás, tudo nela é intenso. E quando cai, levanta. E pelo menos um verso da música é verdade: vai morrer de rir.
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(soundtrack: Chico Buarque - Dura na Queda)