segunda-feira, 5 de novembro de 2007

você é anti-social?

É uma pergunta que tá rolando no blogworld ultimamente, todo mundo resolveu responder. Olhei no espelho e pensei: será?
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Pô, eu não ando emburrada. Eu tenho amigos. Eu tenho msn, e uso. Eu tenho orkut, e uso. Eu tenho celular, e uso. Eu passo mais tempo no mundo real do que na internet, e mais tempo fora do que dentro de casa. Eu não tenho o rosto absurdamente cheio de espinhas, nem o cabelo ensebado (se bem que isso me qualificaria como nerd/emo, e não como anti-social, mas quem liga?). Eu falo alto. Eu tenho creeps (leia a teoria inteira aqui). Isso devia valer pra me tirar de uma vez por todas da listinha dos freaks retraídos, cuja língua o gato comeu. Mas por outro lado...
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Demorei quase 1 ano e meio pra ir numa festa da faculdade, e mesmo assim só fui porque era a fantasia.
Não fico sem dormir por causa de noite na farra. Não fico sem dormir por causa de msn. Não fico sem dormir por causa de amor. Meu problema é insônia mesmo.
Boa parte dos meus contatos no msn está bloqueada. São justamente os que conversam demais.
Adoro inverno, porque todo mundo fica automaticamente mais reservado, e eu não tenho que pedir desculpas pro resto do mundo por querer ficar em casa vendo um filme e tomando café ao invés de ir pra a praia. Aliás, a própria praia é controversa pra mim. Gosto dela deserta, e gosto da areia toda pela frente, pra eu andar e ficar melancólica, ou pra ter uma boa conversa com alguém. Gosto do mar, do cheiro e do gosto dele, e do cansaço que dá depois. Mas não gosto de usar biquíni, não gosto do exibicionismo próprio da praia, não gosto de ter pessoas me olhando e vendo se eu tenho ou não celulite.
Não tenho turminha. É engraçado isso, porque me dou razoavelmente bem com todas as turminhas, mas nunca faço realmente parte de nenhuma. Falo com os nerds da faculdade, os nerds do trabalho, os meninos da banda, a galera da cachaça (que abrange também os meninos da banda), as meninas de moda, o pessoal que tá começando a fazer monografia, os calouros (vergonha), as meninas de encadernação, mas se me perguntarem com quem eu ando pra me dizerem quem sou, não sei.
Metade das pessoas que deixou testimonial pra mim no orkut não tem mais orkut.
Quem mais liga pra mim no celular é minha mãe. E eu também não sou de ligar muito. Não gosto de telefone. Uso quando preciso, mas não gosto pra conversar. Algo nele torna tudo muito pessoal, muito espontãneo. Gosto da segurança do backspace.
De vez em quando esqueço o celular em casa (o que significa que não quero falar nem com minha mãe), saio e vou me enterrar no sofá branco da livraria Cultura, o templo das pessoas retraídas.
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E essa sou eu em dias normais.
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Algumas pessoas têm necessidade de viver mais pra dentro que pra fora. Sou eu. O meu pra fora são as palavras escritas, e o meu pra dentro é uma bagunça que não quero que ninguém se atreva a ver. Nunca consegui contar tudo, tudo mesmo, pra amigo nenhum, e sou muito mais de ouvir do que de falar, quando se trata de relaconamentos. Já falei demais uma vez e me machuquei um bocado, então deve ser um mecanismo de defesa. Falo muito quando tenho um ponto de vista, e tenho que provar que está certo, ou pra contar alguma história boa. Sou muito curiosa, mas guardo as perguntas pra descobrir sozinha, porque seriam muito esquisitas pra dizer em voz alta. Desenvolvi uma capacidade enorme de bisbilhotar a vida das pessoas pela internet, pelo simples fato de ter vergonha de perguntar. Sou tímida, embora pouca gente acredite. Espero as pessoas falarem comigo, e odeio tomar a iniciativa quando estou interessada em alguém. Fico vermelha muito fácil, e talvez parte dessa timidez toda seja porque sou transparente demais com as coisas que sinto. Aí, em vez de me arriscar a demonstrar qualquer outra coisa, começo a rir. E todo mundo diz que sou luminosa, alegre, simpática, espevitada, ninguém vê o que está por baixo. E eu até achava que gostava assim, até perceber que coloco o meu pra dentro num blog público que recebe cerca de 20 visitas por dia. Aí entendi que todo mundo precisa se expor de alguma maneira, deixar saberem o que você pensa, o que você sente, o que aconteceu, pra que o mundo te entenda. A minha maneira é essa.
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Acho que não nasci anti-social. Minha mãe conta que quando eu era pequena (1 ano ou 2), eu adorava a casa cheia de gente, e curtia minhas próprias festas de aniversário, e pedia pra as visitas não irem embora, e gostava de me exibir, e falava pelos cotovelos. A concha é que foi ficando mais espessa por causa das coisas que aconteceram. E o bichinho de dentro, mais frágil. Ou não.
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conclusão:
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jk

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(soundtrack: Los Hermanos - Sentimental)