sábado, 10 de junho de 2006

não exatamente um post feliz

Acontece uma coisa incrivelmente estranha comigo ultimamente: parece que quanto mais coisa acontece comigo, menos eu consigo postar. E não falo aqui de falta de tempo ou de conexão (e as duas coisas realmente conspiraram contra mim, além do mr. Blogger, que entrou em manutenção um dia desses, justo quando eu tinha feito um post daqueles que a gente se orgulha de ter escrito), mas o pior de tudo é a dona Inspiração que - entrando em ritmo de copa - me dá um olé de vez em quando, cada vez mais de vez em sempre.
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Tá. Pra começar, domingo passado vi mamãe no aeroporto (quem frequenta o blog dela já deve saber) , e foi só por uns 40 minutos, mas valeu muuuuuuito ter acordado cedo, ter feito meu priminho acordar cedo pra me levar, enfrentar o frio (é, frio!) que faz em Recife de manhã cedo, só pra ver mamãe ao vivo, e ver que, contrariando todas as expectativas, ela está incrivelmente bem!! E linda, e muito mais magra do que eu me lembrava, uau!
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Ok, vou explicar essa história das expectativas. Tive sérias dúvidas sobre trazer ou não esse assunto pra dentro do blog (e muitos dos ilustres visitantes até já sabem), mas como isso aqui é meu divã, vou me abrir com ele, kkkkk...
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Mas então... meus pais se separaram recentemente. Muito recentemente mesmo, tipo, meu pai veio pra Recife essa semana. Mas é claro que uma separação não acontece deuma hora pra outra, e com eles não foi diferente. as coisas não estavam às mil maravilhas há um bom tempo. E vou confessar agora que na maioria das vezes que eu resolvi não postar oficialmente porque estava down, o motivo era esse. Já passei por todas as fass traumáticas da situação, desde não acreditar, não entender, não aceitar, não segurar as lágrimas, não ter idéia de como ia ser a vida daqui pra frente... já tive pena de mim mesma, já me senti totalmente impotente (e realmente não tinha nada que eu pudesse fazer), já tive raiva de meus pais, por terem deixado isso acontecer, e sabia desde o começo que os dois tinham culpa no cartório. Mas passou.
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Deus me deu clareza pra ver que se meus pais não estão felizes um com o outro, é melhor que tentem ser felizes cada um no seu canto. E que os dois me amam do mesmo jeito, talvez até mais do que antes. E que não foi culpa minha. E (pelo menos pra mim, pelo menos por enquanto), acho que não vou ficar cheia de traumas, até pelo fato de já estar crescidinha, e de meus pais terem sido muito felizes juntos na época em que eu ainda podia ficar traumatizada. Talvez, aliás, essa seja uma das razões pelas quais eu fiquei de boca aberta da primeira vez que minha mãe me explicou a situação, porque pra mim, eles tinham sido feitos um pro outro. Eu cresci vendo surpresas, presentes de dia dos namorados, aniversários de casamento, beijos, saídas pra jantar sem as crianças... às vezes ainda é difícil entender como o amor morre desse jeito. Aí tem uma música de Nando Reis, que me acompanhou um bocado durante todo o percurso, que diz:
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"a gente não percebe o amor
qu se perde aos poucos sem virar carinho
guardar lá dentro o amor não impede
que ele empedre, mesmo crendo-se infinito
tornar o amor real é expulsá-lo de você
pra que ele possa ser de alguém"
(quem vai dizer tchau)
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Sei lá, vai ver foi isso o que aconteceu. Já cheguei na fase de desistir de tentar entender. A única vontade qu eu tenho agora é a de fazer diferente deles, apesar de não saber direito onde foi que erraram. De não desperdiçar o amor, de fazer feliz quem me ama.
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E essas coisas todas vieram parar aqui por conta da melancolia que costumo sentir perto do Dia dos Namorados, com tanta gente iritantemente feliz e apaixonada à minha volta... e depois que eu vi, aqui na casa de meus avós, o quarto do meu pai, as coisas dele arrumadas no guarda-roupa. As camisas que o tempo todo dividiram espaço com os vestidos de minha mãe, a cama com um travesseiro só no meio (e meu pai nem dorme de travesseiro, minha mãe é que sempre usa uns 3 ou 4), os sapatos dele sozinhos... muito estranho.
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Mas com essa história toda, pelo menos meu irmão e eu fomos poupados da parte de ver o pai só nos fins de semana, ou ter que dizer qualquer coisa na frente de um juiz, ou ver os pais brigando por causa de pesão alimentícia. E eu agradeço a Deus todo dia por ter vindo pra cá, e não estar morando com nenhum dos dois.
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Esses dias meu pai foi no cinema comigo, assistir O Código DaVinci (não perguntem o que eu achei do filme). Como se ele quisesse recuperar o tempo perdido de alguma coisa... sei lá.
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E eu ia falar de tanta coisa no post de hoje! Mas não sobrou espaço pra mais nada.
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(soundtrack: Wilco - How To Fight Loneliness)