quarta-feira, 2 de agosto de 2006

amores serão sempre amáveis

Aí domingo passado, 11 da noite, Chico cantou pra mim, olhando nos meus olhos, com aqueles verdes dele:
...
Não se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário
Na posta-restante
Milênios, milênios
No ar

E quem sabe, então
O Rio será
Alguma cidade submersa
Os escafandristas virão
Explorar sua casa
Seu quarto, suas coisas
Sua alma, desvãos

Sábios em vão
Tentarão decifrar
O eco de antigas palavras
Fragmentos de cartas, poemas
Mentiras, retratos
Vestígios de estranha civilização

Não se afobe, não
Que nada é pra já
Amores serão sempre amáveis
Futuros amantes, quiçá
Se amarão sem saber
Com o amor que eu um dia
Deixei pra você
...
É, deve ser isso mesmo. Parece que ele dizia, feito um pai que entende das coisas, pra eu ter calma, menina. Ainda bem que tenho todos esses fragmentos de cartas, poemas, mentiras, retratos, vestígios... e não me desfaço deles nunca. Quem sabe isso tudo é verdade, que o meu amor está esperando em silêncio num fundo de armário... eu quero que esteja, prefiro assim. Milênios, milênios no ar.

(soundtrack (mais óbvia impossível): Chico Buarque - Futuros Amantes)