domingo, 12 de março de 2006

saudade é fogo!

Olhar foto antiga dá nisso... tô trabalhando numa coisa aqui (top secret), e precisava de umas fotos minhas de bebê. Aí peguei logo o álbum que tinha uma das muuuitas férias em Recife, com aquele bando de primos. Ai que saudade!

Saudade... é uma das minhas palavras preferidas. Parece que já tenho mestrado, doutourado, PhD. em saudade, porque estou constantemente com saudade de alguém ou alguma coisa. E tem gente que não faz idéia de como as saudades podem ser diferentes.

Tem aquela saudade de um tempo que a gente sabe que não volta. Uma saudade bem light, conformada. É o que eu sinto olhando esses álbuns de criança. Principalmente porque fui uma criança muito feliz e muito fotografada (thanks mom!). Saudade, por incrível que pareça, da casa onde eu morava, apesar da cerâmica horrorosa e do quarto em construção que nunca ficou pronto. Saudade da escolinha de música de minha mãe. Saudade de quando Nanda ia lá em casa quase todo dia. Saudade do balneário de Olivença. Saudade da árvore de Natal cheia de Serenatas de Amor...

Tem outra saudade, meio esquisita, que é a que sinto de Recife. Porque é, de um certo modo, controlada, sabem? Todas férias eu vou pra lá, pode chover canivete. É uma saudade intensa, quase insuportável, misturada com a vontade de ir logo, mas que eu aguento porque sei que um dia acaba, mesmo que seja só por 2 meses, pra depois começar tudo de novo. E conto os dias pras próximas férias. Saudade das festas de Ano-Novo. Saudade das madrugadas vendo filme com os primos. Saudade do totó. Saudade da igreja de lá. Saudade do sanduíche de queijo. Saudade dos passeios coletivos pro shopping ou pro parque, quando todo mundo se aperta no banco de trás do carro, só pra ninguém deixar de ir. Saudade dos bolos de vovó Netinha...

Ah, a saudade antecipada... aquela de quando a gente ainda tem uma coisa, mas sabe que vai perder. Pior ainda é quando tem data marcada pra perder... Eu sabia que ia morrer de saudade da escola, dos colegas, dos profs, e já sofria antes do tempo (sem fazer idéia de como é pior quando é de verdade). Já tô começando a ficar com saudade de Ilhéus, dos banquinhos de praça... Saudade da Sapetinga, com aquele pôr-do-sol indescritível. Saudade de andar no centro e sempre encontrar alguém conhecido. Saudade do meu quarto. Saudade de Mel. Saudade da Avenida. Saudade das saídas com minha mãe pra tirar foto...

Mas talvez a pior saudade de todas seja aquela que a gente não faz ídéia de quando vai ter de volta o que foi embora, se é que vai ter de volta. É a que dói mais, porque ainda fica uma esperança bem lá no fundo, nos forçando a acreditar que aquilo volta um dia, mesmo que seja pra esperar pra sempre. Na maioria das vezes a esperança vai sumindo devagarinho, e a saudade pára de machucar tanto. Mas às vezes, principalmente quando o caso é de amor, mesmo que a gente nem acredite mais em nada, a maldita só aumenta, só faz machucar mais ainda, e não dá pra pensar em outra coisa.

Se você sabe que é alvo da minha saudade, deixa um sinal... pra eu não esquecer e ficar com mais saudade ainda. Porque saudade, apesar de doer, apesar de tudo, é legal. Só dá pra ter saudade do que foi bom, né?
bla bla bla
Lídia, minha prima-irmã, morrendo de saudade de você!


(soundtrack: Jon Brion - Strings That Tie to You)